Friday, April 26, 2002

Mudança de endereço

Estamos construíndo uma homepage e o nakdeness está de mudança. Voce pode encontra-lo em www.sandrapaes.com/nakedness.

Se voce acompanha essa trajetória, vai la no novo endereço.

Até mais....

Thursday, April 25, 2002

O que acontece quando a gente muda de endereço e nao avisa?

Friday, April 19, 2002

samambaia


Sempre foi para mim um símbolo de sombra e água fresca. Quando de caminhadas pela floresta ou sob quaisquer grandes árvores, se ve aqui e acolá, samambaias.

Pois é. O verão se premnuncia e com ele meu desejo de ser uma samambaia. O sol causticante la fora me assusta. Minha pele se contrai diante da possibilidade de estar sob aqueles raios poderosos.
E com toda essa sensibilidade ao calor, nao sei como fui brotar num pais onde ha duas estaçoes: verao e calor!

Ouvia atenta, outro dia, uma conversa entre mae e filha sobre estacoes e seus afins. Por que minha gardenia prefere isso. No proximo inverno vou viajar para outro lado, e ainda, vou pegar os pimeiros tons da new season- se referindo à chegada do verão no hemisfério norte.

E eu, ali me deleitando com cores, roupas, sabores, diferentes niveis de viver as quatro estaçoes.

Sinto-me hoje acachapada. O verao, pra quem vem do calor, é apenas um grau a mais de puniçao. Nao tive o deleite de escolher diferentes sueters e me postar diante da lareira e comer sopas e chocolates varios. Nem o regalo de assistir as flores se abrindo e todos os botoes se manifestando na chegada da primavera.
Parece que a vida passa sempre monocordica e torrida. E é so. E ainda tenho que achar ótimo?
Ah, naaaoo!!

Pelo menos sonhava ser uma samambaia com meu pequeno sofá, florido em seu estampado como elas. Ali, curtia o delirio de orquidear.Mesmo que fosse por uns instantes.

Sim, ha diferentes dimensoes de vida em quatro estaçoes. Vai ver, por isso, sempre amei Vivaldi.
Ah, esse longing venusiano amassa minha alma e retira meus suspiros impedindo o livre fruir da felicidade.

Nao da nem pra se respirar no verao. Sinto-me um peixe fora dágua.
E tudo isso, por que so ha um prenuncio...

Imaginem quando o verão chegar ?

Sunday, April 14, 2002

Segredos e sussurros


Dizem que é sinal de intimidade. Cumplicidade talvez.Cenas diversas onde algumas pessoas parecem compartilhar alguma coisa só entre elas.Muita gente acha lindo. Se diverte com até.
Hoje descubro que nao gosto de segredos, nem de sussurros. Especialmente esses que aparecem como "cochicho"- que palavra estranha!
Me pego tensa nos dramas de máfias entre outros, onde os personagens mal falam, apenas parecem murmurar e sempre com um tom de segredinho pra ca e pra la. O filme Poderoso Chefao, está cheio disso. Os confessionarios tambem. Me lembro de meu desconforto nas filas da Igreja, tentando catar uma lista de pecados e pensando:- mas o que eu vou contar para o Padre?
Mal sabia eu, na idade da inocencia, que o me incomodava de fato, era o segredo em si. Aquela coisa-nao-sei-qual que nao se pode contar pra ninguem.
E assim, vai-se legitimando, a boa novidade, o negocio xis, a namorada assado, a mudança de cargo tal, etc, por que existe o tal do "segredo"e com ele todos seus containers e compartimentos de misterio.
Embutido ai, tudo que nos envergonhamos, tudo que fica como "sujeira familiar debaixo do tapete" seus segredinhos comuns a todos, mas guardado a sete chaves pelos membros. Ah, e aquele enorme consumo de energia pra manter o controle dos segredos!

Eu detesto isso. Custa-me muito perceber que tudo que mais quero na vida é integridade, transparencia, unidade, totalidade, e tenho que esbarrar com essa humanice de "guardar isso e aquilo"pra proteger sempre a chama da vergonha e suas sombras.
Desculpe=me, mas quanta babaquice!

Nossos orgaos, tem sua unidade mas mantem entre si uma comunicacao clara e funcional e nao tem essa de escoder a gordurinha daqui, o acucar dali, etc. Se isso acontece, é por que o fígado enlouqueceu e com isso todos os orgaos afins começam a perder sua identidade e funcao regular.A vesícula nao parece esconder da cabeça que está sobrecarregada de bili e se isso acontece começa a empedrar e o mesmo se passa com os rins etc.
Agora, "nosotros"nos permitimos empedrar coisas em nossas mascaras, nossos quartos, nossos arquivos, nossas relacoes de todas as ordens. Nao falta um casamento que encobre uma amante, um filho que encobre uma droga, um empregado que encobre umas notas falsas, um marido que encobre um flerte, um adolescente que encobre alguma coisa qq por que faz parte da familia que guarda seus segredos.
E ensina desde pequeno pra todos:= promete que nao vai contar pra ninguem!
E a partir dai começa-se a consumir energia so pra se manter o controle de tantos compartimentos. E quando se presta atençao, nao se faz mais nada legitimo, é so vigiar se nao está quebrando ou devastando o material do compartimento amarelo!

E isso é tao legitimado que até assusta! Depois tem que se fazer segredo sobre o cancer que apareceu em fulaninha, de tanto compartimento que ela tem! mas tb vira segredo.

Hoje descubro o arsenal de bombas retidos debaixo de tantos segredos- segredos de estado, segredos de familia, segredos religiosos, segredos pessoais, segredos intimos, segredos de elite, segredos de grupos financeiros e outros mais, segredos de amantes, etc etc.
E depois queremos luz, paz, serenidade...Ja viram que a luz é pra todos e que nao guarda sombras?
Entao, como querer liberdade, leveza, inteireza se estamos tao divididos de tantas formas na manutencao de tantos compartimentos ocultos entre si?

O que é isso se nao uma fonte de doencas?

Ah que trabalho ter que desfazer todos esses quartinhos e caixinhas! Ja encomendei um software pra acabar com todos os "cookies".
Meu primeiro passo. Sem ganchos internos pra mais latinhas!

Luz! quero luz! Pois sei que alem das cortinas sao palcos azuis. Mesmo que de infinitas cortinas com palcos atras! Tantos os misterios tolos que os homens inventaram e perpeturam em nome da vergonha incial: se descobrir nu no paraíso!

Saturday, April 13, 2002

Um mes que começa com celebraçao da mentira marca.

Entre outras coisas por que sou marcável.E tanto que, na tentativa de limpar os arquivos, descubro que todo e qualquer arquivo tem apenas poucas entradas, a melhor duas: bom e ruim.

E assim, vamos nessa dualidade perpetuando o jogo de bem me quer mal me quer, to feliz ou nao, me acho bem ou nao, etc.
No mais, é a ignorancia de que tudo isso nao é nada.
E encarar o nada é das coisas mais dificeis de se fazer por que somos sempre desafiados a manter a concretude, valorizar a produçao, os feitos, os atingiveis propositos, sejam eles de natureza fisica ou financeira.
E entre uma conquista ou outra vai se somando crenças e contabilidades diversas.
E estranho. O que tem isso a ver com a celebraçao da mentira? tudo e nada. Por que se tudo criamos pra passar o tempo ou pra matar o tempo, quando nao estamos fazendo um ou outro, a cobranca real aparece e com ela a verdade de que tudo pode ser uma enorme mentira: estamos fugindo do vazio e tentando preecher esse buraco a todo custo.
Aha! mas se o universo é feito de vazios, se nossos corpos em niveis microcelulares é feito de vazio, se nossos dias e noites é recheado de vazios, por que essa tendencia a querer acabar com o dito cujo?

Be still, dizem alguns. Do something, dizem outros. Como nao fazer nada? se tudo é nada e eu nada faço por que tudo ja está e eu apenas descubro ou nao o que ai se encontra? como ouso dizer , cheia de mim mesma, que estou fazendo algo.

Voz de um ego. Essa parte da gente que nao tendo origem e nao suportanto nao ter reconhecimentos e pagos, tenta nos governar as ideias, os sentimentos e o significado do corpo.
E haja espelho e maquiagem. E pra isso nao faltam os anuncios por todos os lados, vendendo imageis diferentes, projecoes sofisticadas de todas as ordens.
E eu me procuro la e nao me acho. Uau!

Estou aqui dentro, dentro dessa nebuloza que compoe meu ser, sentindo todas as dores e contracoes da separacao de tudo e nao curtindo nem um pouco essa forma estranha de parecer ser: a constataçao que nao sou o projeto que talvez quisessem que eu fosse e nao caibo em nenhum compartimento onde quiseram me enquadrar.
Sempre fiquei como "fora de arquivo".
E ai?
Com quem falar se the average briga pra matar o tempo e fica feliz de nao ter notado que ele passa? briga pra melhor salario, pela vaga do carro, por ter saude pra continuar brigando pela vida, indo à luta, e achando estranho uma guerra de matanças no oriente medio.

Eu, hein?!

Ai a gente tenta escapar com esfarrapada desculpa que um dia de mentira a mais é longo demais nesse mes que nao fecha e se chama abril.

Sem desculpas. Sem culpas. Nem sei onde está o erro e o acerto pra fazer qualquer julgamento. No vazio nao ha dessas coisas.

Apenas silencio.

Friday, April 12, 2002

Caetaneando


O Hawai, seja aqui...
tudo que sonhares
todos os lugares,
as ondas dos mares
Pois quando eu te vejo eu desejo o teu desejo...


Quando vejo essas noticias devastadoras vindas de Gaza e afins, penso que eles precisam Caetanear.

Abençoada Bahia que nos trouxe de presente, de coco e dedê, a Dorival e Caetano.

Abençoado Brasil com sua força de alegria imbatíveis, e sua exuberante sensualidade, em terras e formas, em solo e corpos, sustentado um paraiso tropical ainda nesse mundo que gosta de manchetear as loucuras e todas as variadas formas caóticas de madness.

Por que nao exportamos essa essencia para o mundo? ou o fazemos e o mundo nao ve, nao capta, por que é preciso ter uma bandeira de ordem e progresso e um coraçao pronto pra alegria de viver!

Amanheço hoje, expirando e expargindo gotas de esperança e suspiro de boas intençoes pra todo esse planeta verde/azul, especialmente pra esses povos presos ao passado e apegados a sei-la-o-que, que os fazem aliados da violencia e da burra opcao de nao viver o melhor, que so nos, de alma brasileira, sabemos de fato!

Nos meus tempos de astrologia publicada, divulgava nos jornais o signal da brasilidade. Ninguem entende. Claro, nao é pra entender é pra constatar e viver.

Viver e nao ter a vergonha de ser feliz, cantando sempre a alegria de ser um eterno aprendiz!

Se esses palestinos e judeus, pudessem cantar isso, nao explodiriam bombas e largariam o preto e o luto, e adotariam o verde/amarelo, como cores e vibracoes.

Ah, se eu fosse mesmo poderosa, cobriria toda a Judeia de Cae,Gonzagas, Djavans, Gals, Gils, Chicos, e bateras!

Quer apostar que acabava o conflito?

Ja viu gente alegre brigar? Ja viu gente cultivando felicidade e samba no pe, ficar de mau humor e coisa e tal?
Nao dá!

Esses governantes de terno cinza, nada sabem da arte de viver de fato, so pensam em "poder e controle"pelas armas e massacre da vida. E ainda ousam falar em paz.
Tsc, tsc! que vergonha!!

A mim, nao enganam!

O Hawai, seja aqui...la-ri-la la la!

Friday, April 05, 2002

Entre barro e nuvem


Essa parece ser a sintese de nosso local, ou nosso cenario existencial. Lutando pra sobreviver num mundo quase sempre caótico, tentando trazer um pouco de sonho e esperança como alento, como se estar nas nuvens fosse o outro lado, o outro prato da balança.
E no meio a tentativa quase efemera de equilibrar as duas coisas. Fundados nessa dualidade cruel, pagamos caro, pra sonhar com as novelas, nossos personagens todos, nossos amores sempre lindos e perfeitos, correndo como podemos da morte e sua sombra.
Queremos sim a eternidade. Da infancia dos filhos, ao gosto do amante perfeito. Do sucesso profissional à juventude brilhando nos movimentos ousados e arrojantes.
Queremos esquecer das lamas e das derrocadas e com muita frequencia sai aquela frase"- nem quero me lembrar disso. Como se criando uma parede ou um muro emocional, botassemos uma pedra sim em cima de tudo e pudessemos com isso, ir levando tudo avante.
Amarga ilusao essa. A colocação de pedra por pedra sobre o que nao queremos tocar, pra gerar protecao da dor, se torna um dia uma murada que nos separa do proprio self.
E perdermos a perspectiva de que ser humano 'parece ser estar entre nuvem e barro.
E no split queremos afirmar que nossa vida so tem nuvens, e de preferencia cor de rosa, como um refugio pensante possivel a cada um.
Mas a lama está la, na base, predendo a base, secando e empedrando nossos pes e pernas.
E um dia, podemos ser apenas um sonho por que incorporamos as nuvens e começamos a ver que nosso mundo real é o ceu, nao onde estamos com nossos pes.
E ai, parece se fazer tarde. É hora de partir pra onde deviamos ter estado sempre. Sem a ilusao de querer fazer do barro um projeto de ceramica que seja. Nem querendo por o mito do ceu na terra, incompativeis por principio entre outras coisas por que o ceu engole a terra e com isso tudo que nela se encontra.
Mas é na contemplacao dessa possibilidade que podemos nos libertar ou nos aterrar pra sempre.
Escolha que nem sempre sabemos que estamos fazendo de fato.
O mundo é grave. Cheio dessa força gravitacional que nos puxa pra baixo. E isso parece nao se alterar. Apenas o desejo de estou aqui mas nao sou daqui, pode acontecer. E como isso querer estar nas nuvens passaa ser glorioso. Para uns por que pra muitos, um sonho impossivel ou mesmo um delirio continuo.
Nisso reconheço ate a evolucao do homem eretus e seu esforco pra se tornar de pe e andar sobre os pps pes, almejando até na sua biologia, estar mais perto do ceu.
Nossa coluna vertebral parece sustentar um peso imenso, e nem siquer notamos isso, nem quando deitamos, por parecer ser natural nos esticar pra ter direito legitimo a sonhar.
Estranha essa dicotomia. Por que quando o homem se ergue, ele parece parar de sonhar, quer efetivar uma coisa qualquer pra fazer da terra um ceu. Nem sempre. Afinal cada coisa em seu lugar.
Talvez por isso, nos degladiamos tanto, e os que se confundem com a terra, a querem possuir e explorar, como fazem com tudo o mais que encontram, como se isso lhes devolvesse o "estar nas nuvens".
Dai as guerras. Internas e geograficas. Posse de terra, nao é nem nunca foi sintoma de paz. Por que a paz tambem está entre barro e nuvem.!a espera que escolhamos com clareza nossa verdade e nos saibamos criadores de sonhos, nao donos dos mesmos ou dos solos onde estamos.
Figura temporaria onde sempre nos depositaremos, mas com certeza nos perdemos ao tentar possuir.
Ca estamos pra usufruir dessa viagem, nao tentar controla=la. Por que ao perder essa perspectiva nos perdemos e com isso tudo se vai. Ate o que pensamos ter que fazer na terra e pela terra.

Tuesday, April 02, 2002

oba! passou o dia da mentira!

Também conhecido como o dia dos tolos. Nao entendendo a possivel analogia entre mentira e tolice, resolvi pesquisar a origem do celebrado dia.
Pra minha surpresa encontrei uma versão, que nada clareou.
Guess what? Esse dia tem a ver com a mudança do calendario juliano para o calendario gregoriano. E assim, o ano deixava de começar no dia 21 de março- dia do equinócio da primavera- pra começar no dia 1 de abril, que ficou conhecido como o dia dos tolos, por aceitarem essa "canetada"feita pelo Papa. Pode?
Ou será que ai se inventou o ano novo dia primeiro de janeiro e o decreto foi publicado no dia primeiro de abril? Argh, é tanta mentirada que a gente até se enrola. So sei que nada sei mais...

O pior é ter que encarar que até o controle do nosso tempo nao passa de um decreto e de uma baita mentira, inventada por um papa, pra comemorar o calendario religioso e fazer o Cristo ter nascido em dezembro, que na verdade era o décimo mes, e por ai afora.
Desde entao, ficamos com o tempo as avessas e toda essa "historia"nada histórica, pro meu gosto.
Entao passou-se a inventar tudo. Dia disso dia daquilo, do Santo tal, da quaresma, da pascoa catolica e da pascoa judia, dia das bruxas e dia dos mortos, dia das maes, dia dos namorados e dia de Sao Valentim, e tudo de cabeça pra baixo. Até nisso o hemisferio norte nao combina com o hemisferio do sul.E depois ainda queremos ter uma terra redonda, com comunhao entre povos e suas crencas, diferenças linguisticas etc..

E todo mundo tentando aprender ingles pra ficar In, e tantar falar a lingua oficial do ocidente, pelo menos isso. Mesmo que feriados e celebracoes e crenças nao combinem, entre outras coisas, como o valor do trabalho, das horas do trabalhador, dos Santos para os quais se apela, pra macumbas e magias de todas as ordens.
E o que é mesmo verdade diante desse marco historico? O novo calendario começa com uma celebraçao: Ë tudo mentira!!

E ai a gente olha pra tras e suspira quase que aliviada, fingindo que acreditou nessa historia toda e que a nossa historia tb é real.
Socorro! como faço pra upgradar esse file?

E vou fazer de conta que nem isso aconteceu, so pra sobreviver entre esses humanos que vivem brigando por um corredor, de gaza ou de gase?

Oh, nãaaaaaaaaoo!

Sunday, March 31, 2002

Convites cariocas

Antes de tudo, deixo claro que sou carioca por ter nascido no Rio de Janeiro. Nao falo chiado, nem nazalado, nao dou tapinha no ombro pra dizer a gente se ve por ai, sei nada querer dizer com isso.
Nao costumo dizer tampouco: te ligo mais tarde pra gente combinar alguma coisa e nao telefonar nunca e deixar por isso mesmo.
Nao faço da praia meu must nem do bronzeado uma questao de identidade.
Nao sei surfar nas emocoes e conversar horas sobre trivialidades ou make-up.Nao insisto em dizer que o Rio é um cidade maravilhosa, so por que todo mundo diz a mesma coisa, tapando os olhos pra todo o terror que ali acontece.
Nao faço de conta que o transito nao é horrivel e que está tudo atravancado.
Tudo isso parece ser apenas indicadores de o que é ser carioca. ISso sem falar que é preciso estar "up date"com as coisas da tv, pra se ter assunto no grupo, ou no social de qualquer boteco.

Ja tenho crise de indentidade faz tempo, por isso e outras coisas...
Mas o duro da questao é ter que esbarrar com esse "estado de espirito"em qualquer lugar onde se va viver.
S.O.S= to cercada de cariocas na Flórida!!!
Cariocas nascidos/a em Boston, em Sao Paulo, no nordeste brasileiro, em Porto Rico, em Cuba, em NY até.
E esses cariocas, que evidentemente fazem convites cariocas ainda ousam me cobrar que nao fui à praia. Que nao falo com xix em vez de ss,. Que fico tempo demais comigo e em casa. Que nao saio por ai "azarando"e caçando alguem às quartas-feiras. Que sumi, por que fui eu quem telefonou nos ultimos dias e fiquei a esperar o telefonema de volta, prometido, que nunca veio.
E eu ainda espero coerencia e compromisso, por que nao sei e nao gosto de deixar pra la o descaso disfarçado de "pintou outra coisa".

Nasci madura e agora que estou amadurencendo, estou sobrando num mundo de adolescentes permanentes na atitude, nas ideias, nos comportamentos.
Logo eu que sempre detestei giria e o tal da "maria vai com as outras"como sinal de falta de centro.
Sorry! preciso mudar de identidade de novo.

Outra vez??

Sim, eu nao vou mudar o mundo. Disso ja sei. E descobrir que nao se faz diferença poderia ser um balde de agua gelada. Mas nem isso.
Argh!
Março sem águas

E de repente, nao se fez o espanto. Já fim de março e cade as águas? quaisquer? Alo?! Chega o dia da mentira, e sem águas pra lavar o que está no ar, no peito, nos rins, nos tornozelos, algures.

Hummm.Essa secura antecipada. Essa sede desmedida, essa carencia de água me consome. E vejo que foi assim por todo o Março. Deu até saudades de Elis cantando. Nem isso. Preciso evitar as pedras, sejam as do caminho, sejam as da vesícula. E essa terra árida, pra variar.
Dias de verão em plena primavera, ou pior, no começo da primavera.
Ja nao sei do tempo, da natureza externa e interna. Estranho a tudo e a todos. E estranho em portugues por que em espanhol teria que pegar a lanterna pra achar o que procuro.
E nem assim. Os dias por aqui estao muito luminosos e eu querendo sombra e água fresca. Nem um nem outro. Sintoma de escassez. Onde anda esse Saturno no ceu? por que na minha vida da pra perceber uma aridez, uma ranhadura, um rachar de possibilidades que se desviam, uma tranca invisivel pra la de zona under siege.

Até o blog tranca, os textos se perdem e com eles as ideias, que dizia Kant estao sempre por ai. Ou será que foi outro filosofo? que sei eu de tudo que aprendi e sobrecarreguei meu hard-drive?

Por onde anda toda essa coleçao de tantas ideias e tantas explicacoes sobre tudo?
Hoje tentei arrumar uma das estantes. Me surpreendo com minha fome de saber. So pode ser uma reencarnacao de traça. Como tenho livros!
Nao me lembro quando nao os tive e colecionei. E de novo, parece fazer parte das coisas inuteis. Eu me tornando obsoleta por tanto saber e tanto querer compartilhar.
Ah, seria tao bom receber uma visita de Iansã com sua poderosa força de raios rasgando o ceu e lavando tudo. Do chao à minha alma e minha pele cansada de sustentar um esqueleto que começa a pesar.
A terra ampliou sua gravidade e eu nao sei me transportar pra lua e ficar por la alguns dias so pra levitar de verdade.
Vai ver, que por que ja sabia disso, dizia que queria ser astronauta quando criança.
Ja podia ver o peso nessa terra árida, cheia de bombas por todos os noticiarios e corredores de Gaza à Naza.

E eu, fazendo o que aqui, alem de dedilhar isso que nao é uma moda, nem uma modinha?

Talvez, apenas atenda a pedidos, ainda.
Até quando?

Wednesday, March 27, 2002

De novo?


De repente acordo as cinco da manha, de novo...mas o que pega é a horrivel sensaçao de ter que encarar mais um dia pela frente. Argh! Ja nao me recordo se algum dia de fato acordei querendo acordar e curtindo o simples fato de estar "awake". Fiquei um bom tempo procurando nos meus arquivos internos alguma referencia desse entojo. Sim a palavra é essa mesma.
Meu coraçao doi, e tb nao me lembro de quando isso nao foi assim, pelo menos nos últimos tempos. E ainda tenho que fazer algo pra mudar e retomar a alegria de viver.Ou alterar essa absurda consciencia que me aponta que as horas sao todas iguais.
Diante de mim a tela negra da tv a esconder as hediondas noticias que a mídia insiste em querer passar nos jornais matinais.É so dar um click e pronto: suspeita confirmada.
Um breve à luxuria? mas que luxuria? ta tudo longo demais pra ser breve e com certeza o tempo nao está a meu lado. Nem eu queria que estivesse. Xo! esse cara pesa mesmo sem olhar pro seu controlador: o calendario.

E é isso: contabilidade por todos os lados. Marca indelevel desse mundo que ainda prefere ficar na dualidade, se esquivar das dúvidas e curtir toda e qualquer forma de denial.
Argh! e nem posso dizer que estou de saco cheio por que nao tenho um.
E depois, se tivesse, teria que viver essa coisa sisifica de ter que esvaziar o saco pra dar continuidade ao estigma de que leveza nao dura e nao sabemos como sustenta-la.
Sim, é mais um daqueles ensolarados dias em que sinto a enorme vontade de saltar fora.
E cair aonde? this is the question. Que sheakespeare me desculpe: nao ha como sair fora da existencia! nem morte resolve esse dilema.

E pensar que passei anos acordando cedo pra ir pra escola por que diziam era o que eu tinha que fazer. E melhor gostar do fato pra nao ficar pior. E mudou esse script?
O meu nao. Por isso sei que nao sou autora de mim mesma. Tem essa massa de gente em volta com suas regras apontando até como devo falar e me vestir.
E chamam isso moda ou caminhos de integraçao.Ahm! estar integrado.

Eu nunca quis me integrar. Verdade. Sempre foi um enorme custo, de todas as formas, e continua sendo. O detalhe é que tenho consciencia que pago um preço muito alto so por estar aqui nessas paragens da sociedade humana.
E ter que curtir tudo isso é que o meu grande nó de cada dia, cada amanhecer.
Ta pesado sim. E haja healing pra transformar o po em ouro. E nem gosto de ouro e nem to nem ai pra esse gosto. E alem do mais tenho alergia mesmo a qualquer tipo de po.
Nunca poderia ser cocainomana, odeio po e seus afins. E pensar que dele vim e pra ele retornarei por que a terra tudo come e a gente aqui fingindo que é importante.
Vai ver que é por isso que inventamos Deus e suas religioes. Pra fugir do inevitável.

E tem jeito?

Sei nao....

Tuesday, March 26, 2002

Inutilidades

Ou, pra que servem?

Mosquito da dengue. Percevejo.pulga. pernilongo.vampirinhos e vampiroes. banco de doaçao de sangue, se o sangue é cobrado carissimo em qualquer hospital ou em qualquer operaçao.Juramento de hipócrates se os médicos nao operam ou salvam sua vida se vc nao tiver dinheiro pra pagar.Seguro de saúde, se voce nao segura a doença que te consome a alma, a mente, o corpo.
Casamento onde o casal nao é parceiro na vida, so no sobrenome e na manutencao da mascara social.Filhos que nada produzem, nao estudam, nao sao presentes, nao participam da vida da familia e so trazem problemas e aporrinhaçoes.Advogados que so aceitam seu caso se for render muito dinheiro. Faxineiras que so vem na sua casa pra enrolar e passar o tempo e cobrar a diária. Empresas que mais poluem do que outra coisa.
Governos corruptos que estão sempre enganando as pessoas. A fortuna com que Hollywood investe em filmes pra espalhar medo e ilusões. O porteiro do edificio que vai sim ser cúmplice de qualquer ladrao assim que ele aparecer com a arma na mao.
O sistema democrático que vive vendendo imagens falsas sobre as pessoas e seus poderes tambem falsos de organizar o manter a ordem social.
Tantos anos de escolaridade so pra se por um pedacinho de papel na parede atestando que se passou anos em torno de uma coisa tambem inútil por que afinal das contas voce vai trabalhar como motorista de taxi ou contrabandista.
Negociacao com o patrao, quando se sabe que o patrao so quer o lucro e chupar sua jugular.
O empreguismo do serviço publico pra justificar que governar é dispendioso se sabe-se que as pessoas fazem qualquer coisa pra nao pagar impostos e o governo continua pondo e impondo os mesmos, sem dar a menor satisfaçao do que está fazendo com o dinheiro arrecadado.
Pra que serve toda essa inutilidade que, dizem, justifica a importancia de cada um e a ilusao de que com isso chega-se a algum lugar melhor.
E toda essa parafernalia mantenedora dos mesmos "issues"e dos mesmos equivocos e os mesmos mecanismos de fuga e de engano.
Será que é so pra justificar uma grande mentira?

uau!

Thursday, March 21, 2002

Os sinais

Dizem que sempre recebemos sinais com relaçao ao que vai nos acontecer. Ficção ou superstição, não sei. Eu ando congestionada com todos eles. E se isso for indicador de ajuda ou cautela, também não sei.
Apenas gostaria que as coisas rodassem mansamente sem tantas traiçoes e tantos jogos baseados em máscaras e egos controladores.

Esses dias fui limpar meu campo áurico com uma profissional por não conseguir dar conta da "tarefa"eu mesma. Estava demais o trabalho. Aliás, já faz algum tempo. Me sinto como se os papéis sobre a mesa, as demandas e as tarefas de responder à tanta coisa ficasse me roubando a vida ou o que penso que ela é de fato.
Aqui nesse pais das vendas excessivas, dos telefonemas de marketing, e de todas outras demandas ampliadas em nome de "run the economy", começa a ficar um pouco demais pro meu gosto e já usei todos os filtros, em telefone, em correio, etc e o mundo nao pára.

Ontem fui surpreendida com a Lei e os abusadores da Lei, em nome de exercer seus poderes de controle. Olho e vejo que os "' SINAIS" despareceram de meus sonhos, de meu corpo, de todas as vibraçóes possiveis em meu campo de percepçao, ja em estado de alerta ha muitos meses.

So para registrar, pressinto que o verão vai ser muito pesado e com ele, muitos furacóes a caminho, chegando de forma devassadora.
Minha antena parabólica não anda dando conta de tantos bips. Vez por outra parava pra prestar atençao no coletivo e seus rumos. Hoje percebo algo mais. Ha mais coisas no ar do que particulas de oxigenio e outros que tais e curiosamente, sinto meu coraçao manso.
Sensaçao de ter feito tudo que podia e sabia e uma paz que vem se instalar, como a me dizer:- aquiete-se!
Apesar de tudo, que voce possa perceber de "estranho ou bizarro"ha sim algo imenso por detrás que conduz as coisas para alem do que sua percepçao possa saber por agora.
E é tempo de acerto de contas, seja la o que isso possa significar.

Não sei se arregaço as mangas e puxo a espada ou se apenas mansamente deixo as coisas tomarem seu rumo, de acordo com essa força maior.

Sinto a história a se quebrar e o poder de uma guerra, para lá de "santa"a se iniciar e curiosamente isso nao me assusta.

Parece, saiu de meu campo, todas aquelas ondas estranhas e escuras que turvavam até minha vitalidade física.
O que teria que se desfazer, ja o foi num campo muito invisivel.
Que a Deusa nos proteja- os justos, os inocentes, os que passam pela vida a serviço de uma causa maior que nao sua propria ambiçao ou doença do imediatismo.

Onde está a justiça de fato? Nao sei. Nao conscientemente, mas me apaziguo por saber quem sou e o que pratico nos meus dias de virginiana por essa Terra, tao solapada e machucada de tantas formas.

Precisava publicar essa nota. Compartilho com voces meus sentimentos e sinais, por saber que nao sao meus, essencialmente.

E sem querer ser oracular demais: é tempo de orar e vigiar!

Aguardemos a páscoa e sua transformaçao. Independente de acreditar-se ou nao, nesse ou aquele sistema, nessa ou aquela crença.

Tuesday, March 19, 2002

Lembranças

Elas chegam. Quase sempre desavisadas. Ou sou eu que não sei ler os sinais. Ah, os sinais! Tantos e, no meu caso, nada simples.
Tinha que ser assim?
Houve uma época em que eu era mais simples, talvez, não tanta bagagem acumulada- mentira essa historia de que nos livramos dela- eu via e traduzia mais claramente os sinais. Talvez goste de pensar que assim seja.

Me achata, quase que de vez, saber que nossa vida está sendo escrita sim. Chamem de registro akhasico, livro da vida, memorias pessoais, biografia, não importa. Apenas sei que é assim que é. E eu sou daquelas que ainda le a biografia alheia. Tenho acesso a essa biblioteca, algumas vezes, e sempre que de la volto, me surpreendo como ela é organizada.

Ainda essa semana, vi a síntese de quatro de anos de vida de uma moça que fui apresentada, assim, sem mais nem menos.
Como pode? Nao sei. Nao sou a autora desse programa. Só sei que quando o meu se abre, como nessa madrugada, e é assim, à luz do arquivo felicidade, me desperto inteira, dentro da vibraçao desse arquivo.

Ta complicado?

Pois é, esses os registros de meus sonhos, coloridos, precisos, mais detalhados do que um roteiro de Spilberg. E neles todas as lembranças e todos os requintes de meu livro da vida.
Por isso essa preguiça enorme só de pensar em publicar minhas memórias. Minha ediçao interna é de tal requinte, que nem sei se saberia reproduzir parte pra por num livro aqui.
E fico entre letras e palavras, soletrando algum significado.
Por que como se traduz tantas imagens e tanto requinte no arquivo:- compartilhar?
Revi recentemente no filme Cidade dos Anjos, um pedacinho, entre outros que gosto tanto, do anjo da morte que vem suavemente buscar a cada um e lhe perguntar o que mais gostou aqui.
Quase sempre me vem e lembrança viva de quem sem dúvida, pra mim, é o ato de compartilhar.
Agora quando isso é recíproco, eu sei que estou escrevendo o livro de minha vida com letras de ouro , e gosto de pensar que ha muitas páginas com esse requinte.
Ë claro que há outras, e o que mais me incomoda, é saber que elas estão sendo escritas de qualquer forma, mas talvez, nao sejam impressas em ouro.
So essas, nao precisam de borracha e reediçao. E talvez eu queira, mas queira muito que meu livro seja apenas todo dourado. E que delicia saber que tenho MEMORIAS DOURADAS.
Um dia, meu coraçao de vidro pintado estalou e eu nem percebi...Será que alguem viu?

Ali, eu sei que fui feliz.
Meu anjo, make a note of it.

Sunday, March 17, 2002

E Preciso dizer mais?

Ela publicou. Eu li, gostei e assinei embaixo. Espero que apreciem como o fiz.


FELICIDADE REALISTA

Danuza Leão - Revista Veja / Estado de São Paulo

A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote
louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.

Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser
magérrimos, sarados e irresistíveis.

Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema:
queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.

E quanto ao amor? Ah, o amor... ..não basta termos alguém com quem podemos
conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar
pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente
apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes
inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos
sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.

É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser
felizes de uma forma mais realista.

Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você
pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um
parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente
quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo,
usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o
suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem
pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que
saiam de graça, com um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de
criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o
estrelato, amar sem almejar o eterno.

Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo,
buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se
desumanamente.

A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.

Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está
alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras,
demita-se.
Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas
não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, Você pode
encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.

Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca
inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo,
mas não felicidade...

Saturday, March 16, 2002

gaps

Esses dias passaram assim, em branco, quase sem nuvens...Aqui sem poder entrar na vida, sem poder sair. Ha momentos em que se sente que ha uma trave, qualquer porta que se tenta abrir, no mínimo range.
As ideias blogueiras foram pro espaço. Outro espaço. Como denuncias ja feitas até por Nemo Nox, esse blog andou fora do ar, de preferencia nos momentos em que vinha pra editar algo.

Foi para o brejo? Nao sei. Mas deu o que pensar sobre o que se faz quando nao ha nada no ar pra se fazer e o quanto eu vivo num enviroment que cobra ação e reação, pelo menos.

Ha dias em que a gente sabe intuiitivamente que é melhor nao acordar, e se acordar é melhor nao sair da cama, e se sair da cama, nao ousar muito, e se o fizer, derrube as expectativas, o gap ta logo ali e se voce avançar, sabe o que?

Nada. No abismo ha apenas a queda. Depois disso ja é outro capítulo.

Tuesday, March 12, 2002

Poesia Científica

So ontem, aprendi um pouquinho sobre poesia científica. Nela o autor se coloca numa posiçao de destaque. Destacado da experiencia. Fala a uma certa distancia. Ainda dentro da D.C, ao que parece, vai dar muita poesia científica. Se bem que nao. Mesmo pra se fazer poesia ha que ter algum envolvimento, mesmo que cientifico.

E se nada é pessoal e importante. Se ficar é mais importante do que namorar ( termos que os jovens adotam pra suas relaçoes mais que atemporais)por que namoro exige envolvimento, onde fica o espaço pra poesia?

Nao ando atenta à linguagem. Das gírias ao "detatchment" geral, nada me chama de fato. É um esforço acompanhar o que tentam falar, ou do que falam.

Quase nao consigo localizar o sujeito e seus predicados- coisa bem simples da gramática e coisa bem notavel, de forma geral, na percecpao do falante. Nao agora. Na era DC, isso tambem passa batido, passa descartável, como tudo o mais.
Excesso de comerciais de tv? onde é que se localiza um jovem de hoje? e quem é que para pra observar.

Ja notaram, mas a adolescencia nao parece ser mais a mesma. A explosao da sexualidade aberta e seus derivados tirou o espaço da descoberta e do que seria entre aspas proibido. Sobra o consumo da droga e o desejo de "se tornar trash" ouvi ontem de uma adolescente.

You know? we want to be trash...go out have some stuff and feel cool, real trash...


Nada a declarar. Isso parece ser a primeira derivada da era DC.


A moda parece ser mesmo: I don't care! e nada mais simbolico do que isso do que o lixo espalhado por ai. Agora, desejar ficar como lixo?
Perco a fala, a cara, a história, o contexto e a vontade de qualquer coisa. E diante disso, pra que tempo livre? onde vamos? onde estamos?

Será que so eu?

Sou eu?

voce nao é e eu nao me importo

Ando a procura de mim e nao preciso de voce pra me saber

E sigo assim nessa nebulosa

confundindo-me com as proprias veias e odiando o que nela circula

E sigo sem rumo

sem tempo e sem determinaçao

derivando

e sem me importar

o que?

Está falando comigo?

ahn..
Depois eu vejo..
.

Monday, March 11, 2002

NOVA ERA?


Sei que temos um registro do tempo marcado como AD= Ano Dominante, ou as vezes. BC, or AC, signficando antes ou depois de Cristo . Um dia desses ouvi um paciente espantado diante dos acontecimentos desde a entrada do novo milenio, especialmente nesse último ano, dizendo:

É, estamos na era DC.

E ele falou era. E perguntei: E o que é a era DC?
Resposta simples e direta:- Don't care!

Pelo visto, se é que é verdade que ha uma transiçao entre Peixes e Aquario, realmente noto um solene Don't care, por todos os lados.

Se a moda pega e pelo visto a indiferença está virando moda mesmo, sei não...

Eu sou bem era antiga, marcada até por signo ascendente e solar. Valorizo o serviço, a apreciaçao das coisas, o divino, o sublime em todas as formas e tamanhos.

Esse estilo descartável, apressadinho, superficial, virtual, e outros als da nossa época me embriaga de espanto. E essa semana passei por tais vivencias tantas vezes que realmente começo a crer que é uma possivel verdade a colocaçao simples e suscinta do paciente sobre a ERA DC.

Pode ser que seja o que sobrou depois de Cristo e todas as interpretaçoes mitificantes sobre amor, caridade, compaixao, generosidade, comunhao..todos esses valores que parecem vem sendo enterrados no advento de aquario e seu egoismo central leão.

Sem querer entrar no astrologues, é claro, é notável como se espalha essa energia de "nao tenho tempo" "tempo é dinheiro"como justificativa de DC, por ai afora.
O speed é das drogas ativantes, dos energéticos, dos patins nos pes e da velocidade a toda prova.
Nao se mede qualidade se mede velocidade de execuçao de tarefa. Critério? pra que? o negocio é : eu acabei primeiro.

Nao sei onde isso vai parar e sabe que nao estou querendo saber? to querendo comprar aquele relogio que congela o tempo- tema de um filme que acaba de ser lançado.

Eu confesso minha inadequaçao a essa "coisa" por que nao tenho outro nome que não seja essa palavra que nada denomina.

Vou precisar reajustar meus sistemas por que sou do tipo que care, e care a lot!

Vou virando antiguidade...e preciso me preparar pra isso...

Friday, March 08, 2002

Esse ser MULHER

Ela insiste em permanecer sob minha pele.
Sussura dentro de meus ouvidos com som de sino de orquideas amarelas. Toca minha fronte com dedos delicados e suaves e revela apenas no olhar, que ainda carrego todas as dores do mundo. Mundo que nao a ve e nao reconhece, que a fere de todas as maneiras, que lhe corta o coraçao e lhe confringe a alma, e ainda assim, ela habita em mim.

Talvez eu tenha uma alma quentinha e compassiva, talvez eu pratique a apreciaçao, talvez silenciosamente toco, durante o sono, os que precisam de alento e repouso reais.

Hoje, o mundo dedica um dia para a MULHER, e eu nem sei se ele realmente sabe o que é isso.
Será ao menos que tentam? em que lugares, em que reconditos espaços a Deusa pode ser adorada e reverenciada?

Hoje ela está em silencio, apenas ouvindo os ruídos que sao muitos, e me pede flores como sinal de sua presença a agraciar a vida. Sua tarefa maior, multiplicar as sementes e compartilhar a energia que aqui se chama de amor.

Dedico minha vida a todas as mulheres que dentro de si guardam uma Deusa mor, e que por si so, retem um templo necessitando júbilo e cuidado. Por todas essas mulheres que se permitiram ser profanadas esquecendo de sua missao real, a nobreza da sustentaçao da vida, meu dia de hoje, de todos os tempos, de todos os minutos.

Nasci socia e representante da Deusa como voce que pode estar lendo agora essa mensagem:

Os dias sao todos seus, por que todos os dias sao sagrados pela Deusa! E isso por si só merece celebraçao.

Sempre uma atitude maior e inteira!

Thursday, March 07, 2002

Distancia

Acabei de receber um bilhetinho no ICQ de alguem justificando ausencia pela distancia. Nada a acrescentar. Afinal constato que nao escrevo nesse blog ha dias. Mais um tema esquisito, no minimo.

Silencio ou ausencia de comunicacao por causa da distancia. uau!

Até se avalia amizade, relacionamento, produtividade, interesse, entre outras coisas, por causa da presença fisica. Nao bateu ponto? entao voce nao existe. Nao trabalha, nao circulou, nao apareceu, nao foi visto. Perdeu o cargo, o assento, e entrou para a categoria dos "distantes".

O que é isso?

É assim, se voce nao aparece naquele restaurante, naquele ponto da praia, naquele cinema, ou naquele café, se voce nao escreve o email de cada dia ou o blog de cada dia.

Nao to dizendo que eu tenho que falar com calma e solenidade que estava em Jupter?

Claro, assim fica tudo explicado e faz sentido, por que afinal, andar no mundo da lua nao combina com meu ar senhoril.
E depois, andei deixando muita gente mal acostumada com esse estilo "fino"e bem "educada"de ser, que nao deixa de responder a um telefonema que sempre procura as pessoas pra pergutar: Ola, com vai?
Fiz isso ou aquilo e me lembrei de voce e me deu vontade de saber como voce está.

E tenho que receber os olhares estranhando, por que ? Ninguem faz isso. Ta fora de moda. A carioquice, essa quase doença da superficialidade de todas as relaçoes, nao é uma doença, é um estilo bem comum de ser.
Sem hard feelings. Apenas o tchau italiano eventual, e o famoso "a gente se ve por ai"ou me liga uma hora dessas.

E qual é mesmo a medida da distancia?

Quantas onças, ou quantas yards, pra justificar estar-se tao ocupado que nao se pode exercitar naturalmente um contacto pessoal ameno.

Tem que ter justificativa de assunto? um problema, uma dor, uma trajedia, essas coisas que as novelas infiltraram na vida de centenas de pessoas, como forma de comunicacao ou interesse.

E ai de voce se nao falar esse dialeto. Eu entao, sou cobrada pela indiferença.
Como ouso nao escrever todos os dias? telefonar sempre, e ser essa "francesa"de entrada?
Sim, por que nao posso ser "francesa"de saída. Todos reparam e cobram. Ou fingem, o que parece dar no mesmo.

De novo, a distancia que nos separa, a meu ver, nenhuma, por que estamos todos no mesmo barco, cheio de impáfias e estilos, fazendo de conta que é por ai que a vida vai.

E la nave?

Não ta dando nem pra pedir socorro. Ninguem ouve. E se ouve, fica melhor nao se comprometer.

Pra que?

Afinal o que fazer com a "sagrada rotina"de todos que nao pode ser interrompida pra nao se perder o fio da conduta, da aparente presença, e interesse?

Delírio? Voce acha? Então tá.

Qual é a medida de presença que voce usa?

Depois me conta, se quiser.
Origens

Com muita frequencia as pessoas me perguntam de onde sou. Tornou-se dificil responder a essa pergunta.Simplificar parece a soluçao, mas com certeza, trata-se do inicio de uma conversa com pontuaçao geográfica, que vai acabar em seguida. Sim, por que essa tentativa de localizar de onde voce vem pra ver se ha alguma coisa em comum, ou justificativa de sotaque, ou o que se faz aqui na América, etc, ja me cansou faz tempo.

Hoje fiquei pensando sobre essa "coisa" chamada origem. Eu ja nao tenho mais raizes faz muito tempo. Fiz tantas mudanças e tantas viagens e incorporei tanta coisa do mundo que fica difícil me localizar. Bem verdade que ja nao me sinto terraquea ou terrena há tempos, e ter que funcionar mentalmente buscando qualquer coisa pra deixar a conversa começar...logo eu, com esse "lazer beam"de acessorio embutido na mente, com esse treino zodiacal, entre outros, ahahhh. não dá.

Ando achando mais prático perguntar:- o que vc acha? e seja la o que o outro disser, tá ótimo. Deixo ele feliz por ter "acertado" e sei que a conversa vai chegar até o tal certo ponto ja facilmente previsto.

E pensar que as pessoas acham que conhecem umas às outras, por que as localizam num mapa, que mal viram direito. E ficam ali, rondando em torno de mais um suposto significado.

E vejo o quanto é dificil ter varias identidades. De verdade. Uma de cada lugar, de cada pais, com historico ou biografia específica construida, pra atender às demandas das expectativas. Afinal, o que é tudo senao o que as pessoas acreditam que seja?

A verdade, essa que dizem fica registrado no livro da vida, ninguem está interessado, nem vai la pra ler. Fica como um cartorio suspenso, que so deve ser de uso para os que vao reencarnar. A considerar que é isso mesmo.

Quanto tempo passei em marte?

E disse ontem com tranquilidade:- acabei de aportar de Jupter. Com ar completamente sério.
Como vou saber se nao estou conversando com um clone, um ET qualquer, disfarçado de professor, de motorista, de bartender, whatever...

Isso aqui, é ou nao um circo lunar? sim por que do sol, com certeza nao é.

Ha travestis, bichas, peruas, executivos, homeless, drogados, psis de varios tipos e gostos, sem falar em veados e veadas, todos exibindo sua falsa identidade e tentando camuflar suas origens.
Acento, trejeitos, tudo make-up, aquela nudez, que tanto aprecio e gosto de sentir e ver, anda fora do mercado, das ruas, dos bares e praças.

Como é que voce sabe que eu nao sou de outra galaxia, por exemplo?
Quer provas?

Depois do invento do silicone, da plastica de toda ordem, dos treinos de passarelas e tentativas de mudanças de sexo, de todas as formas, com quem voce pensa que está falando?
Aliança no dedo como sinal de casamento? decotes e saias curtas como sinal de avanço, olhar escondido atras dos óculos como anúncio de maconha na cabeça, pierce por todo corpo como marca registrada, a fauna anda se sofisticando.
E eu por ai, sem maquilagem, falando todas as linguas, traduzindo simultaneamente todos os dialetos e jargoes sem coerencia a denunciar o mundo dos perdidos tentando se encontrar pelas esquinas da cidade...

E ainda me ousam pedir uma prova de identidade depois de preencher um formulario qualquer. Eu devo soar muito "seria e saudavel"pra nao ter que conferir origem.
where is my realm?


Friday, March 01, 2002

Marciando...


E de repente nem sabia que dia era hoje. Era uma vez...Será quinta-feira? ou o que? sim, me perco no tempo. Especialmente agora que notei que estou em março, ou seria Marte? Marciando é uma forma sincopada de não se estar na terra, nao ser da terra, nao se identificar com os tipos dizem( humanos) que me circundam.

Ando de óculos escuros. Poderia perfeitamente ser confundida com uma possível woman in black, aquele tipo do filme quase assim titulado, com agentes que caçavam ETS...

E quem foi que disse que eu não sou uma? a medir pelos tipos que me circundam, suas atitudes, tentativas de comunicaçao, etc, ou estamos sofrendo uma invasão pra nenhum programa de ficção científica ou não botar defeito, ou eu assumo de vez minha identidade marciana.

Se quiserem pode ser venusiana, jupteriana, neptuniana, menos lunar. Da lua, com certeza nao sou e nem acredito ter sido em algum momento siquer.
Preconceito? nao, absolutamente. é algo que ultrapassa o conceitual, por todos esses moods e altos e baixos que nao consigo tolerar nem nas marés lá fora, que dirá em mim, ou em alguem mais.

E como ser terreno ou terraquio passa por coisas como gostar de TV, ler os jornais, falar da vida dos artistas, ficar culpando os homens, ou os fracos amantes, continuar desejando um, sair por ai caçando, e se colancado como presa fácil e achar 'ótimo, trabalhar pra pagar as contas nao importa em que e como, endeusar os companheiros e se colocar pelo menos aparentemente como inferior, entre outras coisas, eu nao sou terrena.

Nao acredito em democracia, em liberdade politica, nao acredito no que falam na TV e nem vou mais ao cinema por que cansei de psicopatia e destruiçao em forma de efeitos especiais, que nada acrescentam e eu nao vou fingir que gosto "dessa coisa"falsamente estilosa.

Entao, sigo marciando, e nem siquer se sigo de fato. Afinal, ainda constato que habito uma bola azul, cheia de oceanos que gira no espaço sideral, e tudo parece estar em ordem.
E esse parece que é que me deixa com esse feeling marcianissimo...

Nao acredito em conspiracoes humanas ou humanoides, mas que tem algo pra alem disso aqui,ah, isso tem.
Soa normal demais pro meu gosto, toda essa propaganda aparentemente divertida de como somos ótimos, e nem sabemos nada sobre fome ou desejo, pra começar.

Arranha-se a tentativa de entender tantas doenças e gosta-se até de estatitizar sobre elas e seus avanços. De dengue a depressao clinica, pode se escolher um vasto cardapio. Sem falar, é claro, na farta distribuiçao de entorpecentes de aditivantes de todas as ordens pra se dizer que estamos ou somos "cool".
Tudo BS ( bullshit) mesmo!

E ainda me olham de esguelha pra confirmar minha cidadania superqueestrangeira.

Agora, so nao me peçam pra inventar uma camuflagem mais interessante por que a inspiraçao nao está pra tanto.

E quem sabe, nao seria essa a soluçao num ano palindromico, cheio de gente procurando se encontrar la fora, cheio de artistas se equilibrando de tantas formas, e achando lindo quem é premiado na academia de Hollywood?!

Tuesday, February 26, 2002

Na manhã...

parece que tudo é promissor. Em verdade, a percepçao da luz, sugere esperança a cada amanhecer.
Pelo menos assim parece hoje. Ha momentos de sombra até na luz, mesmo com toda essa força que nos impele a agir e nos coloca, em movimentos e atitudes de exito.
Hoje, especialmente hoje, me foi revelado o segredo do efeito do sol de cada dia.
Ha quantos e quantos eu os vivi sem percebe-los de fato. Acostuma-se. acha-se apenas natural.
Diz-se com segurança:- Até amanhã! com a certeza dos que sabem. Como se de fato soubéssemos..
Hoje parece que a vida se renova. Algo especial? Nao sei. Apenas sinto a seiva, chi, como queiram, aqui, depois de parecer que ela teria ido alhures.

Dias e noites de agonia, transitando em umbrais nada faceis de vivenciar, e, de repente, o túnel desaparece e ha apenas essa luz intensa que veio cobrir as partes que lhe pertenciam e eu invoquei sim sua volta em prece.

É bom saber que somos ouvidas. É maravilhoso poder vivenciar o poeta em nós a cantar: luminosa manha..por que tanta luz?

Bah..nao quero saber por que de coisa alguma. A vida pulsa alto e eu espero escorregar nesse deleite, como nos tempos de meninice...
Saudade viva é isso. Matamos o que nos matava por que renascemos plenas! Definiçao perfeita de milagre e renascimento.
Como?

Sei la, sei não...

Monday, February 25, 2002

A medida da mulher

No volteio dos quadris, um segredo mágico se espalha. Ela dança e per si parece um jogo sedutor. Convite inegavel ao profundo dos misterios, no movimento de seu ventre a possessao pela entrega, única, farta, alagada.

Mulheres, todas, quando em contacto com essa força que lhes move, promovem a vida, o retorno das almas nos olhares, a nudez revelada dos que sem saber como, se postam extasiados diante da beleza inenarravel.

Como nao se render a tal poder? por onde ele se extende, nao é dado aos comuns mortais saber, apenas viver, quando possivel, e por instantes, uma viagem magica.

Ali, a morte se rende adormecendo, enfeitiçada pelos volteios simétrios entre rosto, cabelos e braços, a compor a moldura por si so, moduleante, do que quase define uma mulher, sem lhe dar medida.
Polegadas nao as contem, embora ousem ditar seus numeros.
E entre um passo e um amasso, um jorro a mais de vida e viciante liquido enaltecedor...

O jorrar feminino é mais que vida, é a confirmaçao de uma presença que se faz eternizada, fecundante e poderosa.

Não queira ser fisgado pelo seu olhar, pois dessa prisao vital, nao podes escapar. Por isso, os homens, fingem dominar e prover por que nao poder admitir sua real fragilidade diante de tal força avassaladoramente sem limites.

E como negar a vida se ela vem e nos consome? Ali, nao ha repressão ou depressão possiveis. A espada nao vinga embora possa destribuir o sangue e espalha-lo por campos que se tornam inferteis com o tempo.

Os guerreiros tem seus dias contados e ainda lutam e tentam recusar o que os soterra: seu repouso eterno. Nos braços da Deusa, ou mesmo envolvido por ela, na ha guerreiros e por conseguinte extinguem-se as guerras.

E, as vezes, como num dia longo como hoje, passa-se ao largo apenas sentindo-se que a seiva feminina é jorrada em doaçao involuntaria, pra suprir vidas alem mundo talvez e a Deusa me posta e prosta a anunciar em forma de dor sutil, que estamos ainda perdendo espaço entre os mortais e com isso a vida se extingue um pouco mais.

Louvo as mulheres que dançam livres e nao temem por seus ventres envolventes, mesmo tendo que pagar com cancer em suas mamas, o preço de apenas terem tentado ser únicas.

Quisera poder resgatar a todas, amando a todas de tal forma que meu sopro pudesse toca-las uma vez e traze-las inteiras e belas, per si, em sua trajetoria magica e sempre fascinante.

Estala, coraçao de vidro pintado!

Sunday, February 24, 2002

A medida do homem

Sempre fui fascinada pelos espaços. Simplesmente o ato de contemplar o ceu e maravilhar-me com a visao das estrelas, ja é para mim um indicio positivo para nos colocar diante do infinito. E pensar em infinito nos remete, quase sempre, a grandeza, a colosso, a algo que nos transcende, e transcendencia implica em constatar uma medida, uma nota limitante de uma forma ou outra.

Hoje vem o tema de vida e morte. Simbolos por si de finitude e seu reverso. Como se tivessemos incorporados em nossa leitura que a morte é o fim de algo e isso seria a vida. E so de pensar isso, ja nos colocamos numa medida. Temporal. Nao metrificavel, por ignorarmos até quando a vida começa e quando ela acaba.
Dizemos isso, como por dizer, olhando para a evolucao e crescimento de nosso corpo fisico. Embora saibamos, até sem pensar nisso, que nossas ideias e crenças se perpetuam e que nossos filhos e netos, parte de nos, com certeza, dao continuidade ao mundo que aqui se encontra.
Interessante é observar que , por nao sermos testemunhas fisicamente oculares, registramos como sendo uma medida final: morreu acabou!.
Será que é assim mesmo? Minhas memórias vivas dizem que nao. A capacidade de publica-las e compartilhar tudo, registrado e documentado de tantas formas tambem dizem que nao.
No, entanto, custamos a simplesmente remover esse conceito petrificante de finitude, a partir de um ciclo corporal.
Minha alma, eu sei, é imortal. Nao olho apenas para as estrelas, recordo.
Nao abraço, por exemplo, como um jesto de interacao, até social. Me perpetuo. E nao tenho dúvidas, quando passo ao largo de um cenario qualquer, e sinto a presença viva dos que amo, e que ja se foram fisicamente daqui, que tudo é vivo e é real.

Entao, qual seria a medida do homem, senao a que ele cria pra si mesmo e insiste em segurar como real?

Cheguei nua a esse mundo e essa é a minha base mais legitima. Sei que dele partirei tambem nua, e que meu corpo, veiculo contemplavel e apreciado tantas vezes, será uma forma de lembrança- medida viva, do que sou e doei enquanto por aqui naveguei em minha real condicao , nem sempre vista, mas com certeza sentida e imortalizada.

E nao é assim tambem com voce? Claro que sim. Apenas voce nao cogita sobre isso. Pode ser.

No mais, doencas e sintomas, passam despercebidas, se apenas nos detivessemos mais ao principio de nossa criaçao, chegada ao mundo, e saída dele.
O intervalo, que julgamos ser nossa medida de existencia, é outra coisa.
E dessa fala-se muito e praticamente nada. Por que ficamos apenas na periferia, na primeira camada de percepçao, no medo de perder a condicao de existencia, que ainda nos transcende e continua a ser o mais lindo dos mistérios.
Como sei disso?

Eu vi ontem a lua e o ceu, e senti o vento em meus cabelos e no silencio da noite, soube o que real e o que é ilusório Essa força maior que a tudo anima e sustenta, sussura em meus ouvidos e sentidos tudo isso.

Sim, é um privilegio, porque ouso, e sei que viver é para alem dos sonhos. E a morte, pra mim, é uma porta pra infinitas possibilidades que apenas temos medo de olhar de frente.
Por que? Nao damos conta siquer, direito, de absorver toda a magia do que acontece enquanto dizemos estar acordados. Ficamos fazendo coisas demais, sem de fato, apreciar até o ato de faze-las.

Ah, essa dualidade miserável...

Friday, February 22, 2002

Da alquimia e seus derivados...

Um dia desses, assim, desavisadamente, notei o quanto as pessoas avaliam suas relaçoes em funcão do que chamam de química.

Depois de ouvir algumas vezes:- Well, you know, a química, nao é a mesma. Ou, nossa química sempre foi ótima e eu sinto falta disso.
Ou ainda, a química nao rolou legal...


Hoje acordei com esse tema : Em busca da física ou do físico, as pessoas falam em química, e nem sabem do que se trata. Até dizem com frequencia: nao entendo nada de quimica e sempre fui péssimo em física.

Como se usa um termo sem se"saber" do que se trata? Do que falam ou se queixam ou sofrem quando dizem que a química acabou?

E quimica é assim? finita? Sempre soube que quando se encontram, agua e açucar, se diluem perfeitamente, assim como agua e óleo nao se mixturam.
Agora, entre pessoas, ha muitas moleculas envolvidas, milhares talvez, a reger a atraçao ou a repulsao, e vejo que muitas pessoas parecem sofrer por que nao entendem dessa alquimia.E nem querem. Pra elas o que importa é viver o processo, e pronto. E quando acaba a fusão. por que na química ha um momento em que a fusao se completa, e surge outra coisa.E viver essa "outra coisa"é outro momento sim. Os elementos costumam voltar ao seu natural, dependendo da complexidade da mixtura.
Ainda é comum "por a culpa em alguem". O outro tem outra, ou vice-versa, como se um terceiro elemento fosse o dissolvente de um dado encontro.
Vamos chamar esse terceiro elemento de monoxido de carbono, por exemplo. Mas na quimica, sabemos que o carbono serve de elemento ligador entre os outros. E tudo isso é uma nomenclatura pra observador de laboratorio.

Na prática o ser humano tenta descrever o quanto fica "mexido"como ovos numa frigideira, diante da presenca, ou da voz de alguem que lhes detona um processo alem de qualquer narrativa plausivel.
Ha quem goste. Ha quem vive correndo atras de, ha quem sente horror, ha quem sente, registra e apaga. O segredo da alquimia, ninguem parece querer dominar.
Viver ou experienciar, se confunde muitas vezes com uma chave pra perder a identidade ou entrar no diapasao da ausencia de fronteiras, e se sentir super, poderoso: uma expansao capaz de gerar toda a euforia possivel, deixando a todos a sensacao de estar nas nuvens,caminhando no ceu e vendo tudo cor de rosa.

A verdade é que essa alquimia tambem traz efeitos colaterais negativos: baixa de neurotransmissores, queda de entusiasmo, falta de desejo manifesto e até depedencia "química"daquela substancia ou quinto elemento.

Dizem que o chocolate tem o poder de gerar o mesmo efeito. Mas efetivamente parece, ninguem gosta de substituir o chocolate, concreto, visivel, adquirivel em qualquer loja, por aquele aparente único ser que só por existir e passar por perto, inspira as mais loucas voltas sanguineas pelo coraçao, no mínimo.

E quem sao esses seres portadores desse carbono 27, capaz de transmutar um ser, uma alma, um corpo, uma identidade.
Esses carismáticos ambulantes, que desavisadamente, e é sempre assim, trazem um veneno proprio no olhar, no toque das maos, no timbre da voz, no suspiro até. E nem sabem talvez, desse poder mágico.

Esses sao os alquimistas. Os colocados no mundo pra alterar o curso de muitas vidas. E o fazem por fazer. O que tocam vira ouro- metáfora medieval de transformaçao do pó no elemento quimico mais elevado.

Penso que todos somos alquimistas. Alguns conscientes disso, outros, nem passam por perto. Esses os mais poderosos, por que cobertos pela inocencia que os fazem ainda mais deliraveis e desejaveis de todo modo.
Quem sao essas almas? Quem consegue identificar ja tem um trunfo nas mãos.

E nao é pra confundir com os sedutores. Os que tentam, as vezes com sucesso, falsificar uma fórmula de luminosidade e elevacao de nivel na vida de alguem.

Os alquimistas nunca passam despercebidos. Nunca sao esquecidos, e nao tem o poder de desfazer a quimica. Apenas as detonam.
O resto fica por conta do aprendiz de química: se tornar ou nao um alquimista é uma experiencia pessoal única. E uma vez que se é tocado por um, pode-se passar a saber a produzir quimica, se a vida vale e se voce quer de fato levar adiante essa cantiga.

Pra tanto é preciso se gostar em primeiro lugar e espalhar os ares de alta-estima em cada momento e gesto. Se seu tom for autentico, nao se preocupe, sua ocupaçao vai ser com certeza, orquestrar esse laboratorio que voce, talvez, nem sabe que tem.

O divino em ti fala mais alto, e esse é inegavel quando apenas se permite ser.
Nao ha o que fazer, basta SER HUMANO, com maiúscula. E ponto.

Thursday, February 21, 2002

Carpintaria

Ainda dentro do tema da arte. Da arte de viver, a arte de navegar nas ofertas da natureza. Da origem de tudo: o artesão.
Olho para os objetos de madeira. Vejo a vida neles.Diante de mim, uma vela esculpida em madeira, inscriçao de um símbolo chines significando felicidade. Os objetos que guardam a viagem de uma alma, a devoçao de quem ali depositou seu sopro de criador, são para mim inéstimáveis.
Sou assim com as pessoas. Aprecio, admiro, valorizo, a partir desse pequeno detalhe: integridade, inteireza no fazer, no expressar.

As vezes, me sinto como uma guardiã de Deus, atenta a cada gesto e cada intençao, e até sinto quando atraves de meu olhar contemplativo e ao mesmo tempo escrutinador, um Ser maior, avalia a grande e maior obra.

Isso às vezes me perturba, ora não, quando sei que é esse meu verdadeiro ofício. Atraves do serviço, vou tecendo lentamente uma obra invisivel, imperceptivel aos olhos de quem nao sabe dessa carpintaria oculta. Talvez os artistas que modelam o barro, a madeira, e poem nele o sopro da vida.

E ai sigo, pelos dias e cantos, nem sempre cantando, mas compondo sempre, uma melodia silenciosa que vez por outra ouso assoviar. Outro requinte que muito poucos conhecem e apreciam.
A meu respeito, esse de auto-importancia, ninguem sabe: estao quase sempre ocupados demais em narrar seu proprios fatos e feitos e, com muita certeza, esquecem de quem os ouve. Ali, simplesmente atenta. Presença total: dom maior me dado por Deus. Nao valorizado no mercado persa, de valores, ou de qualquer outro comercio. Sim por que esse, nao estando à venda e nao tendo etiqueta de preço, nao se torna visivel para os consumidores contumazes.
Afinal, requer muito requinte saber ver e ouvir um violino: da arte de esculpir a madeira, à arte de faze-lo vibrar tons intensos e suaves.
Quantos em verdade, sabem da carpintaria de uma alma, quando siquer sabem apreciar uma árvore?

Por isso essa reaçao alergica, da alma, em ressonancia com seu proprio polen, sem ventos para fecundar outras pairagens....

Sim, sou carpinteira. Esculpo espiritos e almas, e suas personalidades, nem notam que passam por esse processo. Nao é de seu linguajar, nem de seu alcance.
Quem vive a forma, nao lhes vendo a essencia, nao pode com certeza, notar que essa nao tem valor se nao expressa o que lhe inspira e compõe.

Por isso esse mundo farto de descartaveis, sem nobreza, sem tempo de usufruto, sem hedonismo em cada intervalo de viver.
O fazer por fazer, é apenas uma distraçao de egos inflados e insaciáveis. E esses, abundam à cata desesperada de reconhecimento externo.
Sem alcance. Por que a verdade está embutida no nó da madeira que compoe o objeto que nem siquer sao capazes de ver, siquer vivenciar.

Para tanto, é necessario ir alem da forma, e alcançar o criador, presente no carpinteiro e sua obra em branco e matizes.

Wednesday, February 20, 2002

Descompasso


No compasso do samba desfaço o cansaço...Joana debaixo do braço, carregadinha de amor...Vou que vou...Sim. Os versos não são meus, mas ajudam e muito a levar a vida com toda essa aritimia que ocorre vez por outra.

Estou com cócegas na alma. Na dúvida, tomei anti-alérgico. Pressentindo ares e ventos, não necessariamente brandos, desses que nos fazem sentir que a vida vai mudar de ritimo. Não estou no mood do viajante que faz a mala, e parte. Partir ficou anti-tésico. E nisso nao sou academica.Ha momentos em que parece que acordamos de porre e viemos da boemia, e tudo é um tempo dentro de outro tempo, desdobrando-se e nos levando por ai.
Bem me quer, mal me quer....

O que é isso? compasso de espera. Espera do banco, da resposta da telefonista, da vaga no aviao, do saldo do banco via internet, do telefonema mais tarde e tarde já é.
Suspira-se e suspira-se. O dia é lindo e azul. Mas no descompasso parece que nosso ritimo é diferente de todos os outros. Bebedeira de quem realmente está sob efeito de anti-histaminico. Que nome engraçado esse!
Nao sou anfetaminica, sou histaminica. Depois da tentativa do desencouraçamento, claro, a alergia. A alma coça e com ela a pele- seu involucro mais proximo e transparente.

E como hoje é dia de resoluçoes, ha que parar a reaçao da alma por um instante, e com isso, essa bebedeira estranha, esse estar quase, esse sonambulismo engraçado e furtacor.

Ainda bem que nao me chamo Raimundo e nao vivo em Niterói. Vamos ver o que vem por ai...

Voce espera?

Acho bom.

Tuesday, February 19, 2002

A arte de ser humano

Muitas vezes ouço as pessoas dizerem: - Puxa, errar é humano eu sou apenas um ser humano!. Isso se referindo ao fato de ter descoberto que cometeu um equívoco, ou um erro- o que parece uma coisa grave, ao olhar de muitos.

Eu sempre me surpreendo com essa afirmativa. Não sei por que.Nesses dias de ausencia meditei sobre o assunto, entre outros e descobri que "ser humano"- que pra mim representa uma arte cultivada com esmero e carinho, pra muitos, incontáveis, até, é ainda um experiencia nova, muito recente.Quase como assistir a criança pegar a colher pela primeira vez, sentada numa cadeira alta, sendo inciada àquela complexa experiencia de comer com a propria mao. Entre acertar a colher no prato, pegar o alimento e por na boca, ha uma infinidade de outras logisticas, que a criança está por assim dizer, descobrindo.
Isso é um caso.
O outro, é constatar que estamos repetindo o mesmo repertório de equivocos, e que na verdade nao estamos desenvolvendo nenhuma "melhora' por que aparentemente estamos gostando de repetir o erro.
Ha ai o que se chama de "ganho secundário". Afinal, sujar a cozinha, botar a mamae, enfurecida ou bufando, por que todo o prato foi para o teto ou para o chao, parece um brinquedo mais divertido do que realmente comer o prato de mingau.
Na complexidade de todos os resultados possiveis de uma só experiencia, reside a arte de se ser humano. Eu acho.
E isso me lembra novamente os "four agreements". Como que fosse necessario nos incluir na experiencia pessoal de viver, nao so os outros, e fossemos testados em nosso nivel mais intimo de integridade: o quao inteiro estamos naquilo que fazemos, e o quanto dessa inteireza realmente transmitimos para os demais seres.
Percebo que existe um certo prazer em querer enganar o outro com essa possivel escapada de inteireza nos nossos desempenhos.
E de que adianta eu me perguntar pra que? A maioria das pessoas, ainda dizem que estao comendo, quando na verdade o que querem mesmo é jogar o mingau na cara do outro.
Pode-se dizer que é por que nao é permitido jogar o prato no chao.E, ao que parece, tudo que é escondido parece ter um outro gostinho...E é a isso que se chama:- errar é humano?
Conversa de Adao e Eva:- um poe a culpa no outro, diante do olhar onipresente de Deus, e ninguem assume por conta e risco o proprio desejo. E nisso se fundou o proibido movimento e se fundou a desintegraçao, legitimando que é humano praticar esses deslizes.

Bahhh!

Ninguem ousa saber o quanto está perdendo de fato so por se manter a inteireza. Ninguem ousa praticar a arte maior de ser humano, um espirito em experiencia na natureza e seus deleites e desafios. Nao ha o que errar ou o que acertar diante da franqueza e da sinceridade, por que nos colocamos no mesmo lugar, vivenciando a mesma coisa, sem precisar provar isso ou aquilo, sem competir na imagem ou na furtiva postura de "nao sei do que se trata".

O "Eden"é aqui. E dizer que se provou da árvore do conhecimento, pode abrir outro papo com Deus, que deixa de ser um "espiao inveterado"pra ser um amigo disponivel a compartilhar o que significa aprender a escolher.
Afinal, conhecer implica em aprender a escolher. Negar isso nos tira do Eden, nos poe no fogo do inferno, por que pleno do medo de julgamento, e nos inicia no julgamento e acusacao do outro, sempre.
E isso nao acaba, até que queiramos abrir mao dessa tolice, e escolhamos a inocencia: so sei que nada sei.
E é preciso experienciar a morte ou a proximidade dela pra de novo descobrir-se isso.
Que viagem curta e tonta se tornou essa aqui pelas paragens do "ser humano"!

Sem saber o que faz e cheio de medo de declarar isso, por que ainda debaixo do sintagma-sintoma, de que é filho de Adao e Eva, e nao filho de Deus/a.

Acorda mulher!! Honra sua realeza!!!

Wednesday, February 13, 2002

Encouraçado- II

ufa! enfim a cançao pode sair livre de meu peito.

Encouraçado,

Nos meus agasalhos, nessa vastíssima avenida, nessa lentissima espreguiçadeira, no seio dessa tarde confortável

Eu, bandoleiro, eu o proscrito, eu o fora da lei

E o que fazer?

Eu quero, eu quero, eu quero..

Ninguem pode calar dentro em mim,

essa chama que nao vai passar

É mais forte que eu. Eu nao quero dela me afastar..
Eu nao sei explicar como foi e nem como ela veio.

Eu so digo o que penso, so faço o que gosto e aquilo que creio

E se alguem nao quiser entender e falar por que fale

Eu nao vou me importar com a maldade de quem nada vale.
E se alguem se interessa saber, sou bem feliz assim
Muito mais do que quem ja falou ou vai falar de mim.

So me resta seguir rumo ao futuro, certa de meu coraçao mais puro..


Sim, custou alguns dias e muita turbulencia, publicar esse texto...A vida é maior do que tudo e esse blog tem sido um blue-print pra grandes mudanças. Ainda bem.

Comecei agradecendo as amigas da Lista Artemis, lista da qual me despedi, por ter compreendido que fechei um ciclo de participacao.
Nao posso mais discutir por discutir, nao posso mais transitar em espaços de competicao e futilidades. A coragem que queima em meu peito clama por aquilo que ela representa: a fala do cor...

Descobrir que isso requer ousadia é algo. Sustentar esse espaço em público é outra coisa. Honrar o que a alma pede torna-se um desafio maior por que implica em passar o ego pelo buraco da agulha e isso muitas vezes é confundido com tantas outras coisas.

Sou grata a todas as Artemisias pela liberdade de voo que me proporcionaram até por nao me lerem e verem.
E especial graças à Virgem Rosa, pela cumplicidade silenciosa de alma e trajetoria em vida.

E la nave va....

Friday, February 08, 2002

Encouraçado

faz dois dias tento postar esse blog e ele nao sai. O tema é virtualmente bloqueado.
Vou ter que tentar outra vez. Por enquanto fica registrado que falar de couraça nao sai nem em forma de cançao.

Thursday, February 07, 2002

Tratado do vão combate


Ha alguns anos li esse livro de Margherite Yourcenar. Na época fiquei mais entusiasmada ainda por saber que ela havia escrito aquela obra prima aos 20 anos.E me perguntei então: como alguem pode ter maturidade e competencia pra escrever tal "coisa"com tão pouca idade? Foi o suficiente pra me deixar de molho na minha auto-estima ou "sonho"de um dia ser capaz de escrever.

Hoje, mais tranquila sobre, doesn't matter what they think, vejo que ha um outro combate. Totalmemente terrivel ,que é esse que se passa dentro de nós, numa profunda dor e interno diálogo sobre nossa competencia, mesmo que não comparando com alguem.
Penso que essa "doença"chamada depressao decorre muito desse combate interno entre o Eu ideal e o Eu real, e evidentemente, a dose de orgulho necessaria pra fazer esse gap vivo.

E como todo combate, simplesmente vão.

Se me permito ser humilde o suficiente pra aceitar meus méritos e/limites de agora ou de ontem, com certeza vou me ver com generosa compaixao, o suficiente pra me abarcar com tudo que representa minhas experiencias. Sejam elas reconhecidas com aplauso ou sucesso, vindo dos outros ou de mim mesma, ou não.

E como sucesso e fracasso passa pelo crivo de um julgamento qualquer, uma avaliaçao qualquer tambem, corre-se o risco de se impor um padrao de performace, de aparencia, um script desempenhado dentro das aspas de alguem.Especialmente esse juiz que introjetamos a partir do momento em que confundimos o compartilhar a energia do amor, com o ato de sermos aceitos.
Uma coisa nada tem a ver com outra. Amor é uma qualidade vibracional que so pode ser compartilhada, nada mais.
Qualquer fator ou coisa fora disso, é tentativa de se ser amado ou de "conquistar"alguem e isso é fruto de competicao de juizos e penetracao nas "frames"alheias.
Eu lamento pelo equivoco passado e repassado de geracao a geracao, que ainda sustenta a grande mentira de amor, que é preciso tentar ser isso ou aquilo pra se ser merecedor de amor.

Eu sonhei um dia escrever um livro chamdo Mentiras de Amor.Ainda está na agenda, a despeito dos tremores de muitos temerosos de que eu estaria publicando minhas memórias.

Big Deal!

Memorias sao apenas resultados dos frutos de nossas trabalhadas mentes, nao necessariamente o real, até por que esse é inenarravel por que passivel de tremendas interpretoses.

E quem foi que disse que quem está em combate, cavando , acredita que está numa roubada? roubada de si mesmo, inutil e infrutifera tentativa de marcar ponto diante do olhar de alguem. Especialmente esse "introjetado"dentro de proprio cerebro e que fica la como um espiao de uma agencia secreta qualquer: a sua.

E nao adianta blasfemar. Todos nos temos essa agencia internalizada por que vivemos numa sociedade movida a competicao. Regada a medalhas e outros premios, até citados nos comercias de todas as TVs. Como se isso fosse de fato real e fundamental.
Ah, vc acredita que sim? Ta dentro da moda? completamente engolido pela curva de Gauss?

Ruim pra voce, que vai ter que ficar lutando pra nao deixar a peteca cair, pra nao perder a pose, nao desgastar a imagem, e tudo mais que isso envolve.

Tsc! Tsc! Tsc!


Sai dessa cara, antes que seja tarde, muito tarde e voce descubra que a vida ta passando ou ja foi e voce ficou ai esperando que te reconhecessem, como pelo o máximo...Isso sem considerar que voce mesmo nao se conhece. Sim por que se fosse fato, nao estaria esperando por reconhecimento dos outros.

Expectativa nao alimenta ninguem, só ansiedade. E com ela, os autos e baixos, da busca de uma estima que nao estara em lugar algum. E nao tem prozac que de jeito nisso. Apenas embaça um pouco mais sua vidraça e aliena um pouco mais sua alma.

Wednesday, February 06, 2002

Reverencia

Olho tudo com reverencia. O sagrado que mora em mim, contempla do mesmo modo, tudo la fora. Com atençao e respeito. Ha quem confunda reverencia com protocolo, tratamento destinado aos padres ( por que sacerdotes), perdendo com isso, a rara e gostosa oportunidade de usufruir.

Sem reverencia, a vida passa mal. Tudo fica menor e vulgar, e tudo deixa de ter o detalhe maior da beleza e sua honrosa presença.
Como viver sem saudar o que é belo? Sem ser grato por isso? como passar a vida dentro apenas da barbarie? nos tempos modernos traduzida por essa infame conclusao de que o dinheiro cobre tudo e compra tudo.
Absolutamente não. Bom gosto, finess de sprit, são alguns dos dons venusianos doados secretamente aos hedonistas, aos que conhecem e praticam o ato de reverenciar cada pedaço de vivencia, cada prato de manjar, cada suspiro, cada canto onde pousamos o olhar ou as mãos.

Os que vampirisam "vivem"de possuir, sem nada saber sobre reverencia. Sua impaciencia em devorar, por que longe da possibilidade até de se verem como sagrado e único, lhes tira a auto-estima, e quem não ha tem, nao a ve do lado de fora.

E nessa dança sem melodia, os desastres e o caos, fazem seus goals. Ë a massiva e invasora presença da ignorancia e todos os seus filhos inconsequentes.

E como se passar a importancia da reverencia? Ha quem confuda isso com romance. Ha quem a identifique com poder. Status de muitos superiores.

Nada disso. Basta saber e saber mesmo que toda relaçao é sagrada. Contem em si o segredo da interaçao. Como por exemplo o dedilhar no teclado e a íntima relaçao com meus pensamentos e sentimentos nesse momento. Ha magia aqui.
E ha tambem um profundo respeito sobre como a Força que me compõe e guia, se manifesta atraves desse gesto aparentemente simples.
E nisso entra a relaçao entre meu corpo e o assento onde posto minha coluna e pernas comodamente cruzadas.
Todo esse conjunto, é por si só, digno de nota.
Sem falar no silencio que compoe meu momento de criar e de expressar.
Cada peça, cada colocaçao, cada detalhe que compõe esse momento único, fica pra sempre e isso é um sagrado segredo.

Tudo que somos e praticamos é sagrado. E por si só, merece toda reverencia possivel.

Imagine a obra do amor. O produzir uma nova vida. O penetrar de um corpo. A viagem de um olhar em outro olhar entregue. O nascer de um filhote. A sagrada manifestaçao da luz a cada amanhecer.

A maravilhosa e inenarravel sensaçao de beber um copo de água geladinha, quando se tem sede, e se aprecia aquela relaçao intima.

Diante disso tudo, como alguns insistem em ficar no espaço do abuso, da ausencia de contemplar e agradecer pela vida e suas graças?

Por que muitos nao querem e nao se dão ao luxo raro e especial, nao à venda nos mercados, de ser um agente de reverencia?

O lugar da alma, seu templo corporal é especial. E o corpo, por si so e por isso mesmo, é tambem sagrado e lindo.
Como voce ousa negar isso, se destruindo aos poucos, com habitos que revela puramente que voce nao se ama, e se pune lentamente por falta de carinho e reverencia por si so?

Eu nao posso. A relaçao comigo- um ser sagrado que passa pela encarnaçao nesse lindo planeta- é algo que merece todo meu carinho e toda minha atençao.
E quando isso nao ocorre, sei que me descuidei, e descuido tem limite de tempo em meus atos e consciencia.
Não estou à venda. E o dinheiro nào pode comprar o que nao tem preço.
Meu tempo de viver, de estar em paz e profunda comunhao com o criador e sua obra.
Afinal, somos sócios. E eu levo muito a sério essa relaçao.

E voce?

Tuesday, February 05, 2002

DIAS DE SILENCIO


Algumas vezes,nao sei por que, penso em ficar em silencio. Aqui, no blog, lugar onde reflito o que se passa em meu mais recondito espaço pessoal, minha nudez, declaro meu desejo de silencio. Como se fosse possivel atraves dele, e so atraves dele, desvendar alguns misterios que me ocorrem. Dos sonhos, ao dormir, das invasões de presenças invisiveis em meu quarto, da vontade de poder desligar um botão e fazer com que toda a barulhenta apresentação no Superbowl e seus torcedores, parasse por uns minutos pelo menos.

Sempre detestei barulho. Da giria ao real cotidiano substantivo. Ele me fere, me tira o contacto com o sublime, impede a audição da natureza, e me distoa do contexto, sempre.

E ha barulhos até nas conversas pessoais...Tem gente que é ruidosa quando fala, quando tenta falar, por que conversar é outra coisa. Uma arte que muito poucos sabem cultivar. Requer sim, pausa, silencio, contemplação, escuta interna e externa e até escolha e edição do que falamos ou queremos dizer.
Noto que isso anda sumindo. Desde que o Rock and roll com suas guitarras ruidosas apareceram e todos os seus adeptos consequentes.

Sei não...as vezes, o outro não está mesmo no mercado, nos bares, nos clubes, nas igrejas, nos encontros que não sao encontros, são arranjos de exibição de feitos e de máscaras.
E eu continuo nao gostando. Me cansa....

E agora dei pra ter que me recuperar desse cansaço moderno...Não me sentindo nutrida por que nao ha troca real, fico naturalmente drenada.

E depois, ai que saudade do meu templo!

Friday, February 01, 2002

Interpretoses

Ha algum tempo, quando cursei o Colégio Freudiano no Rio de Janeiro, estudando Lacan, descobri a interpretose.

Lembro bem que na época, a descoberta ficou guardada em silencio, e eu parecia estar fascinada com a multiplicidades de significados que se podia obter de um discurso qualquer.
Nao levei a coisa tão avante a ponto de ter me tornado uma Lacaniana, por exemplo.
Hoje, anos depois, me deparo com o conceito de interpretose flutuando em minha mente outra vez.
Essa fantastica e prodigiosa fonte de infinitas criaçoes interpretativas. Começa-se na infancia quando começamos a falar e nos ensinam a dar nome às coisas, às pessoas, e o que é certo e errado e ai: pronto! O setup está feito. Dai pra frente nos tornamos ambulantes cerebros pensantes e nomeadores de tudo. E haja significado. O cientifico, o artitistico, o low-profile, o academico, o jornalístico, o politico, o religioso, o meta-físico, o fisico, o sexual, o extraterrestre, o mirabolante, o louco, o doente, todo o dicionario de todas as linguas.

Assim seguimos acreditando, por que parece, precisamos acreditar em alguma coisa, que existem os certos, e os errados, o que se combina e o que se difere, o que "rola afim' e o que não rola.
E pensar que ja nascemos dentro de um contexto e somos intimados a produzir nosso texto, nosso perfil, nosso "resumee"que será devidamente avaliado, apreciado, julgado, aceito, interpretado como bom ou ruim, de acordo com os secretos códigos de boots, de cada um.
Cada sistema, tem seu padrao proprio de crenças e codificaçao.
Se vc nasceu mulher, sul americana, branca, classe média, baixa, gordinha, etc, vc vai para um determinado arquivo de interpretose.E esse arquivo parece ser reavaliado de acordo com o script pre-programado pra voce> Ainda nao casou até os 30 anos? Ainda nao teve filhos até os 32? Nao cursou uma faculdade? Nao aprendeu outro idioma? Nao tem casa propria? Mas como? Voce precisa se enquadrar no contexto pra seu texto ter sentido e avaliaçao correta. E entao... corre o risco de querer mudar todos esses selos que a classificou ali, acreditando que está melhorando de vida.
Mudar de arquivo, passa a ser um projeto viavel de mudar de vida? Para muitos,é claro que sim. E bota muitos nisso.
O que nao se ve é que a VIDA é maior que tudo isso e abarca todos os arquivos mentais com comprovantes documentais, pra se provar que é real e que existe.
Matrix? pode ser. O certo e claro pra mim, é que eu nao sou o arquivo onde me colocaram ja antes de nascer e que fui sendo impingida a compor por que tenho uma biografia, afinal é assim que todos parecem ver uns aos outros. Se voce vai cumprir ou não o que lhe predisseram, vai decidir seu nível de sucesso, de auto-aceitaçao, de sentido histórico, de nome, descendencia etc.
Aghh!
Ninguem tem o registro de minhas dores, de meus desejos, de meus sonhos. Fica apenas uma ranhura ridicula de onde passei, mas a vivencia, essa está mesmo guardada em meus tecidos, e ninguem até hoje se interessou em ler e pesquisar o que ali está.
Nao é moda, nao faz parte do anseio de conhecer de fato.
Ainda nos contentamos em ler os curriculum vitae- pomposo isso- como se de fato fosse nossa biografia.
Rídiculo. E ainda ousamos dizer que conhecemos alguem. So por que fui apresentada a uma máscara, e uma personagem, nao significa absolutamente que conheço o ator que desempenha aquele papel ou tais scripts.
Ficamos todos ao nivel superficial de interpretoses, trocando figurinhas e fotografias como se isso fosse o documento cabal da viagem e do contacto.
Enquanto isso, o contacto real, passou por onde?
Esse o que me interessa. Esse o objeto de meu desejo maior, esse o link que de fato 'scaneio"sempre.
O que está alem da aparencia, o que perpassa o vibrar da vida em si mesma, o que voce pensa que pode ocultar de voce mesma e de todos, o que nao tem juizo, o que nao está escrito, mas que se desenha quando possivel. Isso que imprime o milagre cotidiano entre o ar que inspiro e a nutriçao de meu coraçao.

Sem intérpretes. Apenas a vida correndo seu canal perfeito de expressao, onde quer que se encontre.
E isso é o que me faz vibrar a qualquer coisa.
E voce? ainda acreditando no que analisas e deduz do que pensas que ve?
Desconfie do que te ensinam a saber. Atras dessa porta ha um infinito e fantástico mundo disponivel, apenas para os que nao se atem aos rótulos e bulas.
E quem foi que disse que vc nao tem sete sentidos? Vc ja experimentou? Nao?

Que pena!

Thursday, January 31, 2002

Recaída

E, entao, ele entrou aqui em casa, depois de muito tempo e diz:- Oi, sou eu, seu ex!
Foi o suficiente pra me fazer regredir 15 anos de evoluçao espiritual!


Eu ouvi a afirmativa, atonita, é claro.
Recaida espiritual por que veio à tona todo o sentimento e todo ressentimento de uma relaçao que nao rolou como se esperava?! alooo!!

Percebo que muitas vezes nos olhamos como se fossemos seres em ascençao permanente e contínua. Fazemos isso, talvez sem perceber, o que já é criminoso e nao consta de nenhum código legal, e vamos pela vida à fora, como se o caminho fosse em linha reta e sem retorno.
Curiosa essa forma de nos olhar e nos julgar, o que é pior, eu penso.
Dizer que envelhecer é decadencia, que lidar com o passado e suas memorias cristalizadas é recair, retomar um hábito ou algo arquivado em qualquer dos aneis de nossa historia, é voltar ao passado e é ruim?! Socorro!

Nao, nao vejo assim, Primeiro por que nao acho que voltamos a nada. Se nossa mente percebe uma emoçao, vivida ou ativada por algum estímulo, isso é apenas a percepcao da mente, e o juizo que dali se colhe como conclusao. E é so.
As pessoas parecem confundir o que vem com o que acreditam. Confudir o que se teme com o que se desconhece, com o que nao se gosta, muitas vezes.
E com isso, a eternidade da existencia, e todas as suas formas de apresentacao, seja la fisica, emocional ou afetiva, se torna misturada com o que se tenta decodificar de experiencias anteriores. Ou o que parece dar no mesmo.

De onde será que brota tudo isso? Olho com calma e vejo um velho programa de crenças rodando no nosso sistema interno a guiar nossas percepcoes e a chamar isso de verdadeiro.
E se é assim pra cada cerebro e suas decodificacoes sensuais e linguisticas, temos nao uma torre de babel mas alguns bilhoes delas por ai, em chines, em portugues, em ingles, espanhol, russo, japones, aramaico, e outras linguas mais...
Infinitas possibilidades de julgamento em torno de "tive uma recaida"e nao quero isso de jeito nenhum, gerando todo tipo de reaçoes e atitudes baseadas no medo da repetiçao, por exemplo.
Come on!! Ta tudo no mesmo lugar, quem viajou foi uma mente que se espantou de medo e jorrou um monte de substancias no corpo, dizendo:- alerta! perigo! perigo! e é so.
Mas, uma vez desesencadeda a mente reativa, la se vai um tempao até ajustar de novo o foco de percepcao.
E quem nao tem uma mente reativa? todos temos. A questao é :- por quanto tempo vivemos em funcao do que ela desencadeia em nós conduzindo nossas atitudes, estados de humor, etc..
E pensar que ninguem ve isso como uma doença, uma virose embutida, tal como os virus de computador que entram e dao pane na nossa simples comunicacao eletronica.

Olho pra toda e qualquer experiencia como um pedrinha atirada ao lago que gerará circulos proprios daquele ato ou circunstancia.
E nem todos os alos sao iguais, embora possam ser semelhantes. É apenas isso. Resultado natural do movimento que se fez. Sim, e dai? daonde vem a leitura de recaida?
Do medo de se achar que se vai viver a mesma coisa e experimentar os mesmos efeitos. Isso está acontecendo? nao, objetivamente nao. Mas se sua criaçao assim diz que é, assim lhe parece ser.
Segundo passo:- procurar testemunhas pra justificar o registro da recaida. Especialmente se nao acreditamos que somos capazes de ultrapassar o circulo de giz.
Essa a metáfora da morte do peru. Traça-lhe um circulo em volta e ele percebe como uma prisao e dali nao sai. Fica pronto pra morrer por que nao ve saida.
O que nossa mente nao é capaz de produzir?!!
E que tipos de mentes estamos produzindo todos os dias a partir do que implantaram ali como certo e definitivo?
E ninguem olha pra isso com desconfianca, ninguem olha com clareza para o proprio sistema de crencas e começa a desconfiar dele. O suficiente pra mudar tudo, pra estabelecer um milagre: um shift na percepçao.

Bom seria se todos os momentos nos lembrassemos: assim é por que assim me parece e eu escolho quando mudar o que quero ver e experimentar e sentir.

Wednesday, January 30, 2002

Filhos

Andei lendo algumas artemisias a falar de filhos. Fiquei com os meus botoes. Vi uma pesquisa na TV sobre adolescentes e drogas, e outros casos sérios de esquizofrenia, e toda a agonia de pais, em torno de:- o que fazer?!

Nao tenho filhos biologicos. Tenho muitos outros de outra filiaçao. E sempre vi, como os pais biologicos, especialmente as maes, se atribuem uma tarefa gigantesca de fazer o filho dar certo. Especialmente as maes brasileiras. Sempre olhei pra isso com desconfiança. A palavra é bem essa.
Sem desconsiderar a abordagem astrologica sobre mae/lua, e outros psicologicos, sobre ventre, relacao de amamentacao, atencao na primeira infancia, etc. ainda acho que tem sim, uma carga enorme sobre as maes, sobre 'o resultado do filho".
Cheguei a fazer uma comparaçao esquisita. É esse o termo.Um filho é resultado do que mesmo?
Um esperma e um ovo? mas no entanto o "ambiente"de geracao, chamado de mae, leva toda a carga, ao que parece.
Hummm, nao sei nao. Mas ha muita emocao cultivada em torno de algo que podia sim ser mais proximo da natureza como um todo. Ja repararam que isso so acontece na especie humana? As outras, estao presentes, mas nao interferem sempre no curso natural dos filhotes.
Tenho uma amiga que escreveu um texto uma vez sobre maternidade, que achei genial- ela mostra o disparate da mae, ao longo de toda vida, fazendo o papel eterno da geradora, quando o cordao umbilical ja foi cortado ha muito tempo.
A rigor, dali pra frente, a criança, tem trocentas outras presenças e influencias no seu dia-a-dia. Mas a mae!!

Essa nao escapa de todos os tratados de psicologia ocidental, das cobrancas diversas em torno disso e daquilo, quando se sabe, entre outras coisas, que sempre teve a mae de leite, a baba, a baby-sitter, a madrinha, a avo, a tia, a vizinha, a professora, etc..

Acho que enquanto a mulher nao se souber inteira tambem se dividira entre a amante, a esposa, a mae, a que precisa trabalhar fora pra ajudar no sustento da casa e a sociedade toda em volta de uma so voz: nao toque na mae! mas tambem ninguem a poupa.
A começar pelos proprios filhos que a olham com ar de propriedade exclusiva e muita cobranca se isso ou aquilo nao está no lugar ou a contento.
Eu sempre achei isso pra la de absurdo.
Mae, pra mim, tem que ser olhada com muita, mas muita reverencia, nao mais nao fosse, so por que lhe deu à luz.
Vejo muito, mas muito filho abusado por que as maes se colocam sempre de plantao, e sempre na posicao de eternas heroinas como se o fato de "controlar aquele destino"fosse o mais importante papel de suas vidas.
E isso por si so, ja é de uma incoerencia total.
Como? por que filho é dádiva, nao é propriedade. Segundo por que papel de mae é gerar e cuidar, quando necessario, de desmanchar o laço umbilical, pra nao gerar outros apegos desnecessarios.
E filho é de Deus, por que é quem da o espirito e a vida de verdade.
E nós, nao somos donos da vida de ninguem, nem da nossa, é claro.

Portanto, se cortassem o pitty, que rola sim em excesso, muita coisa poderia simplesmente ser mais mansa.
Cá pra nos, é muita pretensao se admitir dona do projeto, quando na verdade se é apenas uma coadjuvante. E cada um vai seguir de acordo com tantas variaveis, que nao tem mae que de conta disso.
Vamos amansar a pretensao, que a vida agradece e a saude se instala naturalmente.

Tuesday, January 29, 2002

Serendipity

Sim, foi nome de um filme. Segundo o dicionario é a habilidade de encontrar alguma coisa boa acidentalmente.
Gostei mais da versao do personagem do William Holden , onde ele explica em tom didático pra sua secretária - "precisamos criar algo , se-ren-di-pity! O escritor Rich afirma que seu personagem principal tem que sair às ruas e encontrar algo bom, melhor ainda, ele tem a capacidade de extrair sempre algo bom do que vivencia, nao importa o que a vida lhe traga".

Fiquei com esse sonho gravitando meu cochilo e minha dor de cabeça o dia todo.
Nao me lembro mais de minhas experiencias de criança, onde se tem maior dosagem de serendipity. O anjo de guarda mais perto e a inocencia, com certeza, a guiar o olhar de bebe, nos revelando tudo como maravilhas.
Nao me lembro quando perdi minha pipa Serendipity nos ares de todos os anos.
Sei, todavia, que estou sempre procurando ver tudo com olhos positivos, e se chamam a isso de sorte, nos tempos de hoje, nao sei.
Com tantas noticias ruins, tanta violencia espalhada, tanto medo propagado e industrializado, torna-se mais do que essencial - talvez uma fortuna mesmo, sair por ai e so ver coisas boas, por acaso.

Houve um tempo em que era possivel conjugar mais certos verbos e usar,com certeza, no dia a dia, uma palavra como essa.

Hoje, parece, fica por conta de quem usa poderes mágicos, invoca a inocencia provocadamente varrida dos meios de todas as ordens, e a sustenta a qualquer preço, como uma promessa de viver, ou uma meta de existencia.
Tenho uma amiga que trabalha pra sustentar a felicidade e nao deixar de forma alguma que ela se vá.
Conversamos com frequencia e eu acompanho de perto, sua trajetoria, seu projeto cotidiano budista mesmo, de sustentar a leveza e a alegria de viver, despite, tudo.

Eu tremo. Sou afetada pelas vibraçoes de todos os lugares, acordo sentindo ondas diversas que atravessam meu sono e me impinge pesadelos e vivencias bizarras. Tambem trabalho pra sustentar a leveza e a cada dia, percebo que a arte de ver a beleza a cada esquina, vai ficando mais sofisticada.
O acaso, parece nao funcionar mais a favor ou proativamente. Tem muito mais caos no ocaso do que deveria, pro meu gosto e degustaçao geral.
Até nem sei quando foi que Hollywood deixou de produzir os musicais inocentes e passou a investir pesado nas destruiçoes e catastrofes de todo tipo, levando de vez a leveza de muitas possibilidades.
E isso me lembra o Johnny Alf, com Eu e a Brisa- um modo poetico de cantar a tao escassa Serendipity.
Por isso, fica, oh brisa fica pois talvez quem sabe, o inesperado me faça uma surpresa e traga alguem que queira me escutar e junto a mim queira ficar.