Sunday, March 31, 2002

Março sem águas

E de repente, nao se fez o espanto. Já fim de março e cade as águas? quaisquer? Alo?! Chega o dia da mentira, e sem águas pra lavar o que está no ar, no peito, nos rins, nos tornozelos, algures.

Hummm.Essa secura antecipada. Essa sede desmedida, essa carencia de água me consome. E vejo que foi assim por todo o Março. Deu até saudades de Elis cantando. Nem isso. Preciso evitar as pedras, sejam as do caminho, sejam as da vesícula. E essa terra árida, pra variar.
Dias de verão em plena primavera, ou pior, no começo da primavera.
Ja nao sei do tempo, da natureza externa e interna. Estranho a tudo e a todos. E estranho em portugues por que em espanhol teria que pegar a lanterna pra achar o que procuro.
E nem assim. Os dias por aqui estao muito luminosos e eu querendo sombra e água fresca. Nem um nem outro. Sintoma de escassez. Onde anda esse Saturno no ceu? por que na minha vida da pra perceber uma aridez, uma ranhadura, um rachar de possibilidades que se desviam, uma tranca invisivel pra la de zona under siege.

Até o blog tranca, os textos se perdem e com eles as ideias, que dizia Kant estao sempre por ai. Ou será que foi outro filosofo? que sei eu de tudo que aprendi e sobrecarreguei meu hard-drive?

Por onde anda toda essa coleçao de tantas ideias e tantas explicacoes sobre tudo?
Hoje tentei arrumar uma das estantes. Me surpreendo com minha fome de saber. So pode ser uma reencarnacao de traça. Como tenho livros!
Nao me lembro quando nao os tive e colecionei. E de novo, parece fazer parte das coisas inuteis. Eu me tornando obsoleta por tanto saber e tanto querer compartilhar.
Ah, seria tao bom receber uma visita de Iansã com sua poderosa força de raios rasgando o ceu e lavando tudo. Do chao à minha alma e minha pele cansada de sustentar um esqueleto que começa a pesar.
A terra ampliou sua gravidade e eu nao sei me transportar pra lua e ficar por la alguns dias so pra levitar de verdade.
Vai ver, que por que ja sabia disso, dizia que queria ser astronauta quando criança.
Ja podia ver o peso nessa terra árida, cheia de bombas por todos os noticiarios e corredores de Gaza à Naza.

E eu, fazendo o que aqui, alem de dedilhar isso que nao é uma moda, nem uma modinha?

Talvez, apenas atenda a pedidos, ainda.
Até quando?

No comments: