Thursday, March 07, 2002

Distancia

Acabei de receber um bilhetinho no ICQ de alguem justificando ausencia pela distancia. Nada a acrescentar. Afinal constato que nao escrevo nesse blog ha dias. Mais um tema esquisito, no minimo.

Silencio ou ausencia de comunicacao por causa da distancia. uau!

Até se avalia amizade, relacionamento, produtividade, interesse, entre outras coisas, por causa da presença fisica. Nao bateu ponto? entao voce nao existe. Nao trabalha, nao circulou, nao apareceu, nao foi visto. Perdeu o cargo, o assento, e entrou para a categoria dos "distantes".

O que é isso?

É assim, se voce nao aparece naquele restaurante, naquele ponto da praia, naquele cinema, ou naquele café, se voce nao escreve o email de cada dia ou o blog de cada dia.

Nao to dizendo que eu tenho que falar com calma e solenidade que estava em Jupter?

Claro, assim fica tudo explicado e faz sentido, por que afinal, andar no mundo da lua nao combina com meu ar senhoril.
E depois, andei deixando muita gente mal acostumada com esse estilo "fino"e bem "educada"de ser, que nao deixa de responder a um telefonema que sempre procura as pessoas pra pergutar: Ola, com vai?
Fiz isso ou aquilo e me lembrei de voce e me deu vontade de saber como voce está.

E tenho que receber os olhares estranhando, por que ? Ninguem faz isso. Ta fora de moda. A carioquice, essa quase doença da superficialidade de todas as relaçoes, nao é uma doença, é um estilo bem comum de ser.
Sem hard feelings. Apenas o tchau italiano eventual, e o famoso "a gente se ve por ai"ou me liga uma hora dessas.

E qual é mesmo a medida da distancia?

Quantas onças, ou quantas yards, pra justificar estar-se tao ocupado que nao se pode exercitar naturalmente um contacto pessoal ameno.

Tem que ter justificativa de assunto? um problema, uma dor, uma trajedia, essas coisas que as novelas infiltraram na vida de centenas de pessoas, como forma de comunicacao ou interesse.

E ai de voce se nao falar esse dialeto. Eu entao, sou cobrada pela indiferença.
Como ouso nao escrever todos os dias? telefonar sempre, e ser essa "francesa"de entrada?
Sim, por que nao posso ser "francesa"de saída. Todos reparam e cobram. Ou fingem, o que parece dar no mesmo.

De novo, a distancia que nos separa, a meu ver, nenhuma, por que estamos todos no mesmo barco, cheio de impáfias e estilos, fazendo de conta que é por ai que a vida vai.

E la nave?

Não ta dando nem pra pedir socorro. Ninguem ouve. E se ouve, fica melhor nao se comprometer.

Pra que?

Afinal o que fazer com a "sagrada rotina"de todos que nao pode ser interrompida pra nao se perder o fio da conduta, da aparente presença, e interesse?

Delírio? Voce acha? Então tá.

Qual é a medida de presença que voce usa?

Depois me conta, se quiser.

No comments: