Sunday, March 31, 2002

Convites cariocas

Antes de tudo, deixo claro que sou carioca por ter nascido no Rio de Janeiro. Nao falo chiado, nem nazalado, nao dou tapinha no ombro pra dizer a gente se ve por ai, sei nada querer dizer com isso.
Nao costumo dizer tampouco: te ligo mais tarde pra gente combinar alguma coisa e nao telefonar nunca e deixar por isso mesmo.
Nao faço da praia meu must nem do bronzeado uma questao de identidade.
Nao sei surfar nas emocoes e conversar horas sobre trivialidades ou make-up.Nao insisto em dizer que o Rio é um cidade maravilhosa, so por que todo mundo diz a mesma coisa, tapando os olhos pra todo o terror que ali acontece.
Nao faço de conta que o transito nao é horrivel e que está tudo atravancado.
Tudo isso parece ser apenas indicadores de o que é ser carioca. ISso sem falar que é preciso estar "up date"com as coisas da tv, pra se ter assunto no grupo, ou no social de qualquer boteco.

Ja tenho crise de indentidade faz tempo, por isso e outras coisas...
Mas o duro da questao é ter que esbarrar com esse "estado de espirito"em qualquer lugar onde se va viver.
S.O.S= to cercada de cariocas na Flórida!!!
Cariocas nascidos/a em Boston, em Sao Paulo, no nordeste brasileiro, em Porto Rico, em Cuba, em NY até.
E esses cariocas, que evidentemente fazem convites cariocas ainda ousam me cobrar que nao fui à praia. Que nao falo com xix em vez de ss,. Que fico tempo demais comigo e em casa. Que nao saio por ai "azarando"e caçando alguem às quartas-feiras. Que sumi, por que fui eu quem telefonou nos ultimos dias e fiquei a esperar o telefonema de volta, prometido, que nunca veio.
E eu ainda espero coerencia e compromisso, por que nao sei e nao gosto de deixar pra la o descaso disfarçado de "pintou outra coisa".

Nasci madura e agora que estou amadurencendo, estou sobrando num mundo de adolescentes permanentes na atitude, nas ideias, nos comportamentos.
Logo eu que sempre detestei giria e o tal da "maria vai com as outras"como sinal de falta de centro.
Sorry! preciso mudar de identidade de novo.

Outra vez??

Sim, eu nao vou mudar o mundo. Disso ja sei. E descobrir que nao se faz diferença poderia ser um balde de agua gelada. Mas nem isso.
Argh!
Março sem águas

E de repente, nao se fez o espanto. Já fim de março e cade as águas? quaisquer? Alo?! Chega o dia da mentira, e sem águas pra lavar o que está no ar, no peito, nos rins, nos tornozelos, algures.

Hummm.Essa secura antecipada. Essa sede desmedida, essa carencia de água me consome. E vejo que foi assim por todo o Março. Deu até saudades de Elis cantando. Nem isso. Preciso evitar as pedras, sejam as do caminho, sejam as da vesícula. E essa terra árida, pra variar.
Dias de verão em plena primavera, ou pior, no começo da primavera.
Ja nao sei do tempo, da natureza externa e interna. Estranho a tudo e a todos. E estranho em portugues por que em espanhol teria que pegar a lanterna pra achar o que procuro.
E nem assim. Os dias por aqui estao muito luminosos e eu querendo sombra e água fresca. Nem um nem outro. Sintoma de escassez. Onde anda esse Saturno no ceu? por que na minha vida da pra perceber uma aridez, uma ranhadura, um rachar de possibilidades que se desviam, uma tranca invisivel pra la de zona under siege.

Até o blog tranca, os textos se perdem e com eles as ideias, que dizia Kant estao sempre por ai. Ou será que foi outro filosofo? que sei eu de tudo que aprendi e sobrecarreguei meu hard-drive?

Por onde anda toda essa coleçao de tantas ideias e tantas explicacoes sobre tudo?
Hoje tentei arrumar uma das estantes. Me surpreendo com minha fome de saber. So pode ser uma reencarnacao de traça. Como tenho livros!
Nao me lembro quando nao os tive e colecionei. E de novo, parece fazer parte das coisas inuteis. Eu me tornando obsoleta por tanto saber e tanto querer compartilhar.
Ah, seria tao bom receber uma visita de Iansã com sua poderosa força de raios rasgando o ceu e lavando tudo. Do chao à minha alma e minha pele cansada de sustentar um esqueleto que começa a pesar.
A terra ampliou sua gravidade e eu nao sei me transportar pra lua e ficar por la alguns dias so pra levitar de verdade.
Vai ver, que por que ja sabia disso, dizia que queria ser astronauta quando criança.
Ja podia ver o peso nessa terra árida, cheia de bombas por todos os noticiarios e corredores de Gaza à Naza.

E eu, fazendo o que aqui, alem de dedilhar isso que nao é uma moda, nem uma modinha?

Talvez, apenas atenda a pedidos, ainda.
Até quando?

Wednesday, March 27, 2002

De novo?


De repente acordo as cinco da manha, de novo...mas o que pega é a horrivel sensaçao de ter que encarar mais um dia pela frente. Argh! Ja nao me recordo se algum dia de fato acordei querendo acordar e curtindo o simples fato de estar "awake". Fiquei um bom tempo procurando nos meus arquivos internos alguma referencia desse entojo. Sim a palavra é essa mesma.
Meu coraçao doi, e tb nao me lembro de quando isso nao foi assim, pelo menos nos últimos tempos. E ainda tenho que fazer algo pra mudar e retomar a alegria de viver.Ou alterar essa absurda consciencia que me aponta que as horas sao todas iguais.
Diante de mim a tela negra da tv a esconder as hediondas noticias que a mídia insiste em querer passar nos jornais matinais.É so dar um click e pronto: suspeita confirmada.
Um breve à luxuria? mas que luxuria? ta tudo longo demais pra ser breve e com certeza o tempo nao está a meu lado. Nem eu queria que estivesse. Xo! esse cara pesa mesmo sem olhar pro seu controlador: o calendario.

E é isso: contabilidade por todos os lados. Marca indelevel desse mundo que ainda prefere ficar na dualidade, se esquivar das dúvidas e curtir toda e qualquer forma de denial.
Argh! e nem posso dizer que estou de saco cheio por que nao tenho um.
E depois, se tivesse, teria que viver essa coisa sisifica de ter que esvaziar o saco pra dar continuidade ao estigma de que leveza nao dura e nao sabemos como sustenta-la.
Sim, é mais um daqueles ensolarados dias em que sinto a enorme vontade de saltar fora.
E cair aonde? this is the question. Que sheakespeare me desculpe: nao ha como sair fora da existencia! nem morte resolve esse dilema.

E pensar que passei anos acordando cedo pra ir pra escola por que diziam era o que eu tinha que fazer. E melhor gostar do fato pra nao ficar pior. E mudou esse script?
O meu nao. Por isso sei que nao sou autora de mim mesma. Tem essa massa de gente em volta com suas regras apontando até como devo falar e me vestir.
E chamam isso moda ou caminhos de integraçao.Ahm! estar integrado.

Eu nunca quis me integrar. Verdade. Sempre foi um enorme custo, de todas as formas, e continua sendo. O detalhe é que tenho consciencia que pago um preço muito alto so por estar aqui nessas paragens da sociedade humana.
E ter que curtir tudo isso é que o meu grande nó de cada dia, cada amanhecer.
Ta pesado sim. E haja healing pra transformar o po em ouro. E nem gosto de ouro e nem to nem ai pra esse gosto. E alem do mais tenho alergia mesmo a qualquer tipo de po.
Nunca poderia ser cocainomana, odeio po e seus afins. E pensar que dele vim e pra ele retornarei por que a terra tudo come e a gente aqui fingindo que é importante.
Vai ver que é por isso que inventamos Deus e suas religioes. Pra fugir do inevitável.

E tem jeito?

Sei nao....

Tuesday, March 26, 2002

Inutilidades

Ou, pra que servem?

Mosquito da dengue. Percevejo.pulga. pernilongo.vampirinhos e vampiroes. banco de doaçao de sangue, se o sangue é cobrado carissimo em qualquer hospital ou em qualquer operaçao.Juramento de hipócrates se os médicos nao operam ou salvam sua vida se vc nao tiver dinheiro pra pagar.Seguro de saúde, se voce nao segura a doença que te consome a alma, a mente, o corpo.
Casamento onde o casal nao é parceiro na vida, so no sobrenome e na manutencao da mascara social.Filhos que nada produzem, nao estudam, nao sao presentes, nao participam da vida da familia e so trazem problemas e aporrinhaçoes.Advogados que so aceitam seu caso se for render muito dinheiro. Faxineiras que so vem na sua casa pra enrolar e passar o tempo e cobrar a diária. Empresas que mais poluem do que outra coisa.
Governos corruptos que estão sempre enganando as pessoas. A fortuna com que Hollywood investe em filmes pra espalhar medo e ilusões. O porteiro do edificio que vai sim ser cúmplice de qualquer ladrao assim que ele aparecer com a arma na mao.
O sistema democrático que vive vendendo imagens falsas sobre as pessoas e seus poderes tambem falsos de organizar o manter a ordem social.
Tantos anos de escolaridade so pra se por um pedacinho de papel na parede atestando que se passou anos em torno de uma coisa tambem inútil por que afinal das contas voce vai trabalhar como motorista de taxi ou contrabandista.
Negociacao com o patrao, quando se sabe que o patrao so quer o lucro e chupar sua jugular.
O empreguismo do serviço publico pra justificar que governar é dispendioso se sabe-se que as pessoas fazem qualquer coisa pra nao pagar impostos e o governo continua pondo e impondo os mesmos, sem dar a menor satisfaçao do que está fazendo com o dinheiro arrecadado.
Pra que serve toda essa inutilidade que, dizem, justifica a importancia de cada um e a ilusao de que com isso chega-se a algum lugar melhor.
E toda essa parafernalia mantenedora dos mesmos "issues"e dos mesmos equivocos e os mesmos mecanismos de fuga e de engano.
Será que é so pra justificar uma grande mentira?

uau!

Thursday, March 21, 2002

Os sinais

Dizem que sempre recebemos sinais com relaçao ao que vai nos acontecer. Ficção ou superstição, não sei. Eu ando congestionada com todos eles. E se isso for indicador de ajuda ou cautela, também não sei.
Apenas gostaria que as coisas rodassem mansamente sem tantas traiçoes e tantos jogos baseados em máscaras e egos controladores.

Esses dias fui limpar meu campo áurico com uma profissional por não conseguir dar conta da "tarefa"eu mesma. Estava demais o trabalho. Aliás, já faz algum tempo. Me sinto como se os papéis sobre a mesa, as demandas e as tarefas de responder à tanta coisa ficasse me roubando a vida ou o que penso que ela é de fato.
Aqui nesse pais das vendas excessivas, dos telefonemas de marketing, e de todas outras demandas ampliadas em nome de "run the economy", começa a ficar um pouco demais pro meu gosto e já usei todos os filtros, em telefone, em correio, etc e o mundo nao pára.

Ontem fui surpreendida com a Lei e os abusadores da Lei, em nome de exercer seus poderes de controle. Olho e vejo que os "' SINAIS" despareceram de meus sonhos, de meu corpo, de todas as vibraçóes possiveis em meu campo de percepçao, ja em estado de alerta ha muitos meses.

So para registrar, pressinto que o verão vai ser muito pesado e com ele, muitos furacóes a caminho, chegando de forma devassadora.
Minha antena parabólica não anda dando conta de tantos bips. Vez por outra parava pra prestar atençao no coletivo e seus rumos. Hoje percebo algo mais. Ha mais coisas no ar do que particulas de oxigenio e outros que tais e curiosamente, sinto meu coraçao manso.
Sensaçao de ter feito tudo que podia e sabia e uma paz que vem se instalar, como a me dizer:- aquiete-se!
Apesar de tudo, que voce possa perceber de "estranho ou bizarro"ha sim algo imenso por detrás que conduz as coisas para alem do que sua percepçao possa saber por agora.
E é tempo de acerto de contas, seja la o que isso possa significar.

Não sei se arregaço as mangas e puxo a espada ou se apenas mansamente deixo as coisas tomarem seu rumo, de acordo com essa força maior.

Sinto a história a se quebrar e o poder de uma guerra, para lá de "santa"a se iniciar e curiosamente isso nao me assusta.

Parece, saiu de meu campo, todas aquelas ondas estranhas e escuras que turvavam até minha vitalidade física.
O que teria que se desfazer, ja o foi num campo muito invisivel.
Que a Deusa nos proteja- os justos, os inocentes, os que passam pela vida a serviço de uma causa maior que nao sua propria ambiçao ou doença do imediatismo.

Onde está a justiça de fato? Nao sei. Nao conscientemente, mas me apaziguo por saber quem sou e o que pratico nos meus dias de virginiana por essa Terra, tao solapada e machucada de tantas formas.

Precisava publicar essa nota. Compartilho com voces meus sentimentos e sinais, por saber que nao sao meus, essencialmente.

E sem querer ser oracular demais: é tempo de orar e vigiar!

Aguardemos a páscoa e sua transformaçao. Independente de acreditar-se ou nao, nesse ou aquele sistema, nessa ou aquela crença.

Tuesday, March 19, 2002

Lembranças

Elas chegam. Quase sempre desavisadas. Ou sou eu que não sei ler os sinais. Ah, os sinais! Tantos e, no meu caso, nada simples.
Tinha que ser assim?
Houve uma época em que eu era mais simples, talvez, não tanta bagagem acumulada- mentira essa historia de que nos livramos dela- eu via e traduzia mais claramente os sinais. Talvez goste de pensar que assim seja.

Me achata, quase que de vez, saber que nossa vida está sendo escrita sim. Chamem de registro akhasico, livro da vida, memorias pessoais, biografia, não importa. Apenas sei que é assim que é. E eu sou daquelas que ainda le a biografia alheia. Tenho acesso a essa biblioteca, algumas vezes, e sempre que de la volto, me surpreendo como ela é organizada.

Ainda essa semana, vi a síntese de quatro de anos de vida de uma moça que fui apresentada, assim, sem mais nem menos.
Como pode? Nao sei. Nao sou a autora desse programa. Só sei que quando o meu se abre, como nessa madrugada, e é assim, à luz do arquivo felicidade, me desperto inteira, dentro da vibraçao desse arquivo.

Ta complicado?

Pois é, esses os registros de meus sonhos, coloridos, precisos, mais detalhados do que um roteiro de Spilberg. E neles todas as lembranças e todos os requintes de meu livro da vida.
Por isso essa preguiça enorme só de pensar em publicar minhas memórias. Minha ediçao interna é de tal requinte, que nem sei se saberia reproduzir parte pra por num livro aqui.
E fico entre letras e palavras, soletrando algum significado.
Por que como se traduz tantas imagens e tanto requinte no arquivo:- compartilhar?
Revi recentemente no filme Cidade dos Anjos, um pedacinho, entre outros que gosto tanto, do anjo da morte que vem suavemente buscar a cada um e lhe perguntar o que mais gostou aqui.
Quase sempre me vem e lembrança viva de quem sem dúvida, pra mim, é o ato de compartilhar.
Agora quando isso é recíproco, eu sei que estou escrevendo o livro de minha vida com letras de ouro , e gosto de pensar que ha muitas páginas com esse requinte.
Ë claro que há outras, e o que mais me incomoda, é saber que elas estão sendo escritas de qualquer forma, mas talvez, nao sejam impressas em ouro.
So essas, nao precisam de borracha e reediçao. E talvez eu queira, mas queira muito que meu livro seja apenas todo dourado. E que delicia saber que tenho MEMORIAS DOURADAS.
Um dia, meu coraçao de vidro pintado estalou e eu nem percebi...Será que alguem viu?

Ali, eu sei que fui feliz.
Meu anjo, make a note of it.

Sunday, March 17, 2002

E Preciso dizer mais?

Ela publicou. Eu li, gostei e assinei embaixo. Espero que apreciem como o fiz.


FELICIDADE REALISTA

Danuza Leão - Revista Veja / Estado de São Paulo

A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote
louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.

Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser
magérrimos, sarados e irresistíveis.

Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema:
queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.

E quanto ao amor? Ah, o amor... ..não basta termos alguém com quem podemos
conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar
pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente
apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes
inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos
sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.

É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser
felizes de uma forma mais realista.

Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você
pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um
parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente
quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo,
usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o
suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem
pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que
saiam de graça, com um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de
criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o
estrelato, amar sem almejar o eterno.

Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo,
buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se
desumanamente.

A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.

Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está
alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras,
demita-se.
Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas
não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, Você pode
encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.

Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca
inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo,
mas não felicidade...

Saturday, March 16, 2002

gaps

Esses dias passaram assim, em branco, quase sem nuvens...Aqui sem poder entrar na vida, sem poder sair. Ha momentos em que se sente que ha uma trave, qualquer porta que se tenta abrir, no mínimo range.
As ideias blogueiras foram pro espaço. Outro espaço. Como denuncias ja feitas até por Nemo Nox, esse blog andou fora do ar, de preferencia nos momentos em que vinha pra editar algo.

Foi para o brejo? Nao sei. Mas deu o que pensar sobre o que se faz quando nao ha nada no ar pra se fazer e o quanto eu vivo num enviroment que cobra ação e reação, pelo menos.

Ha dias em que a gente sabe intuiitivamente que é melhor nao acordar, e se acordar é melhor nao sair da cama, e se sair da cama, nao ousar muito, e se o fizer, derrube as expectativas, o gap ta logo ali e se voce avançar, sabe o que?

Nada. No abismo ha apenas a queda. Depois disso ja é outro capítulo.

Tuesday, March 12, 2002

Poesia Científica

So ontem, aprendi um pouquinho sobre poesia científica. Nela o autor se coloca numa posiçao de destaque. Destacado da experiencia. Fala a uma certa distancia. Ainda dentro da D.C, ao que parece, vai dar muita poesia científica. Se bem que nao. Mesmo pra se fazer poesia ha que ter algum envolvimento, mesmo que cientifico.

E se nada é pessoal e importante. Se ficar é mais importante do que namorar ( termos que os jovens adotam pra suas relaçoes mais que atemporais)por que namoro exige envolvimento, onde fica o espaço pra poesia?

Nao ando atenta à linguagem. Das gírias ao "detatchment" geral, nada me chama de fato. É um esforço acompanhar o que tentam falar, ou do que falam.

Quase nao consigo localizar o sujeito e seus predicados- coisa bem simples da gramática e coisa bem notavel, de forma geral, na percecpao do falante. Nao agora. Na era DC, isso tambem passa batido, passa descartável, como tudo o mais.
Excesso de comerciais de tv? onde é que se localiza um jovem de hoje? e quem é que para pra observar.

Ja notaram, mas a adolescencia nao parece ser mais a mesma. A explosao da sexualidade aberta e seus derivados tirou o espaço da descoberta e do que seria entre aspas proibido. Sobra o consumo da droga e o desejo de "se tornar trash" ouvi ontem de uma adolescente.

You know? we want to be trash...go out have some stuff and feel cool, real trash...


Nada a declarar. Isso parece ser a primeira derivada da era DC.


A moda parece ser mesmo: I don't care! e nada mais simbolico do que isso do que o lixo espalhado por ai. Agora, desejar ficar como lixo?
Perco a fala, a cara, a história, o contexto e a vontade de qualquer coisa. E diante disso, pra que tempo livre? onde vamos? onde estamos?

Será que so eu?

Sou eu?

voce nao é e eu nao me importo

Ando a procura de mim e nao preciso de voce pra me saber

E sigo assim nessa nebulosa

confundindo-me com as proprias veias e odiando o que nela circula

E sigo sem rumo

sem tempo e sem determinaçao

derivando

e sem me importar

o que?

Está falando comigo?

ahn..
Depois eu vejo..
.

Monday, March 11, 2002

NOVA ERA?


Sei que temos um registro do tempo marcado como AD= Ano Dominante, ou as vezes. BC, or AC, signficando antes ou depois de Cristo . Um dia desses ouvi um paciente espantado diante dos acontecimentos desde a entrada do novo milenio, especialmente nesse último ano, dizendo:

É, estamos na era DC.

E ele falou era. E perguntei: E o que é a era DC?
Resposta simples e direta:- Don't care!

Pelo visto, se é que é verdade que ha uma transiçao entre Peixes e Aquario, realmente noto um solene Don't care, por todos os lados.

Se a moda pega e pelo visto a indiferença está virando moda mesmo, sei não...

Eu sou bem era antiga, marcada até por signo ascendente e solar. Valorizo o serviço, a apreciaçao das coisas, o divino, o sublime em todas as formas e tamanhos.

Esse estilo descartável, apressadinho, superficial, virtual, e outros als da nossa época me embriaga de espanto. E essa semana passei por tais vivencias tantas vezes que realmente começo a crer que é uma possivel verdade a colocaçao simples e suscinta do paciente sobre a ERA DC.

Pode ser que seja o que sobrou depois de Cristo e todas as interpretaçoes mitificantes sobre amor, caridade, compaixao, generosidade, comunhao..todos esses valores que parecem vem sendo enterrados no advento de aquario e seu egoismo central leão.

Sem querer entrar no astrologues, é claro, é notável como se espalha essa energia de "nao tenho tempo" "tempo é dinheiro"como justificativa de DC, por ai afora.
O speed é das drogas ativantes, dos energéticos, dos patins nos pes e da velocidade a toda prova.
Nao se mede qualidade se mede velocidade de execuçao de tarefa. Critério? pra que? o negocio é : eu acabei primeiro.

Nao sei onde isso vai parar e sabe que nao estou querendo saber? to querendo comprar aquele relogio que congela o tempo- tema de um filme que acaba de ser lançado.

Eu confesso minha inadequaçao a essa "coisa" por que nao tenho outro nome que não seja essa palavra que nada denomina.

Vou precisar reajustar meus sistemas por que sou do tipo que care, e care a lot!

Vou virando antiguidade...e preciso me preparar pra isso...

Friday, March 08, 2002

Esse ser MULHER

Ela insiste em permanecer sob minha pele.
Sussura dentro de meus ouvidos com som de sino de orquideas amarelas. Toca minha fronte com dedos delicados e suaves e revela apenas no olhar, que ainda carrego todas as dores do mundo. Mundo que nao a ve e nao reconhece, que a fere de todas as maneiras, que lhe corta o coraçao e lhe confringe a alma, e ainda assim, ela habita em mim.

Talvez eu tenha uma alma quentinha e compassiva, talvez eu pratique a apreciaçao, talvez silenciosamente toco, durante o sono, os que precisam de alento e repouso reais.

Hoje, o mundo dedica um dia para a MULHER, e eu nem sei se ele realmente sabe o que é isso.
Será ao menos que tentam? em que lugares, em que reconditos espaços a Deusa pode ser adorada e reverenciada?

Hoje ela está em silencio, apenas ouvindo os ruídos que sao muitos, e me pede flores como sinal de sua presença a agraciar a vida. Sua tarefa maior, multiplicar as sementes e compartilhar a energia que aqui se chama de amor.

Dedico minha vida a todas as mulheres que dentro de si guardam uma Deusa mor, e que por si so, retem um templo necessitando júbilo e cuidado. Por todas essas mulheres que se permitiram ser profanadas esquecendo de sua missao real, a nobreza da sustentaçao da vida, meu dia de hoje, de todos os tempos, de todos os minutos.

Nasci socia e representante da Deusa como voce que pode estar lendo agora essa mensagem:

Os dias sao todos seus, por que todos os dias sao sagrados pela Deusa! E isso por si só merece celebraçao.

Sempre uma atitude maior e inteira!

Thursday, March 07, 2002

Distancia

Acabei de receber um bilhetinho no ICQ de alguem justificando ausencia pela distancia. Nada a acrescentar. Afinal constato que nao escrevo nesse blog ha dias. Mais um tema esquisito, no minimo.

Silencio ou ausencia de comunicacao por causa da distancia. uau!

Até se avalia amizade, relacionamento, produtividade, interesse, entre outras coisas, por causa da presença fisica. Nao bateu ponto? entao voce nao existe. Nao trabalha, nao circulou, nao apareceu, nao foi visto. Perdeu o cargo, o assento, e entrou para a categoria dos "distantes".

O que é isso?

É assim, se voce nao aparece naquele restaurante, naquele ponto da praia, naquele cinema, ou naquele café, se voce nao escreve o email de cada dia ou o blog de cada dia.

Nao to dizendo que eu tenho que falar com calma e solenidade que estava em Jupter?

Claro, assim fica tudo explicado e faz sentido, por que afinal, andar no mundo da lua nao combina com meu ar senhoril.
E depois, andei deixando muita gente mal acostumada com esse estilo "fino"e bem "educada"de ser, que nao deixa de responder a um telefonema que sempre procura as pessoas pra pergutar: Ola, com vai?
Fiz isso ou aquilo e me lembrei de voce e me deu vontade de saber como voce está.

E tenho que receber os olhares estranhando, por que ? Ninguem faz isso. Ta fora de moda. A carioquice, essa quase doença da superficialidade de todas as relaçoes, nao é uma doença, é um estilo bem comum de ser.
Sem hard feelings. Apenas o tchau italiano eventual, e o famoso "a gente se ve por ai"ou me liga uma hora dessas.

E qual é mesmo a medida da distancia?

Quantas onças, ou quantas yards, pra justificar estar-se tao ocupado que nao se pode exercitar naturalmente um contacto pessoal ameno.

Tem que ter justificativa de assunto? um problema, uma dor, uma trajedia, essas coisas que as novelas infiltraram na vida de centenas de pessoas, como forma de comunicacao ou interesse.

E ai de voce se nao falar esse dialeto. Eu entao, sou cobrada pela indiferença.
Como ouso nao escrever todos os dias? telefonar sempre, e ser essa "francesa"de entrada?
Sim, por que nao posso ser "francesa"de saída. Todos reparam e cobram. Ou fingem, o que parece dar no mesmo.

De novo, a distancia que nos separa, a meu ver, nenhuma, por que estamos todos no mesmo barco, cheio de impáfias e estilos, fazendo de conta que é por ai que a vida vai.

E la nave?

Não ta dando nem pra pedir socorro. Ninguem ouve. E se ouve, fica melhor nao se comprometer.

Pra que?

Afinal o que fazer com a "sagrada rotina"de todos que nao pode ser interrompida pra nao se perder o fio da conduta, da aparente presença, e interesse?

Delírio? Voce acha? Então tá.

Qual é a medida de presença que voce usa?

Depois me conta, se quiser.
Origens

Com muita frequencia as pessoas me perguntam de onde sou. Tornou-se dificil responder a essa pergunta.Simplificar parece a soluçao, mas com certeza, trata-se do inicio de uma conversa com pontuaçao geográfica, que vai acabar em seguida. Sim, por que essa tentativa de localizar de onde voce vem pra ver se ha alguma coisa em comum, ou justificativa de sotaque, ou o que se faz aqui na América, etc, ja me cansou faz tempo.

Hoje fiquei pensando sobre essa "coisa" chamada origem. Eu ja nao tenho mais raizes faz muito tempo. Fiz tantas mudanças e tantas viagens e incorporei tanta coisa do mundo que fica difícil me localizar. Bem verdade que ja nao me sinto terraquea ou terrena há tempos, e ter que funcionar mentalmente buscando qualquer coisa pra deixar a conversa começar...logo eu, com esse "lazer beam"de acessorio embutido na mente, com esse treino zodiacal, entre outros, ahahhh. não dá.

Ando achando mais prático perguntar:- o que vc acha? e seja la o que o outro disser, tá ótimo. Deixo ele feliz por ter "acertado" e sei que a conversa vai chegar até o tal certo ponto ja facilmente previsto.

E pensar que as pessoas acham que conhecem umas às outras, por que as localizam num mapa, que mal viram direito. E ficam ali, rondando em torno de mais um suposto significado.

E vejo o quanto é dificil ter varias identidades. De verdade. Uma de cada lugar, de cada pais, com historico ou biografia específica construida, pra atender às demandas das expectativas. Afinal, o que é tudo senao o que as pessoas acreditam que seja?

A verdade, essa que dizem fica registrado no livro da vida, ninguem está interessado, nem vai la pra ler. Fica como um cartorio suspenso, que so deve ser de uso para os que vao reencarnar. A considerar que é isso mesmo.

Quanto tempo passei em marte?

E disse ontem com tranquilidade:- acabei de aportar de Jupter. Com ar completamente sério.
Como vou saber se nao estou conversando com um clone, um ET qualquer, disfarçado de professor, de motorista, de bartender, whatever...

Isso aqui, é ou nao um circo lunar? sim por que do sol, com certeza nao é.

Ha travestis, bichas, peruas, executivos, homeless, drogados, psis de varios tipos e gostos, sem falar em veados e veadas, todos exibindo sua falsa identidade e tentando camuflar suas origens.
Acento, trejeitos, tudo make-up, aquela nudez, que tanto aprecio e gosto de sentir e ver, anda fora do mercado, das ruas, dos bares e praças.

Como é que voce sabe que eu nao sou de outra galaxia, por exemplo?
Quer provas?

Depois do invento do silicone, da plastica de toda ordem, dos treinos de passarelas e tentativas de mudanças de sexo, de todas as formas, com quem voce pensa que está falando?
Aliança no dedo como sinal de casamento? decotes e saias curtas como sinal de avanço, olhar escondido atras dos óculos como anúncio de maconha na cabeça, pierce por todo corpo como marca registrada, a fauna anda se sofisticando.
E eu por ai, sem maquilagem, falando todas as linguas, traduzindo simultaneamente todos os dialetos e jargoes sem coerencia a denunciar o mundo dos perdidos tentando se encontrar pelas esquinas da cidade...

E ainda me ousam pedir uma prova de identidade depois de preencher um formulario qualquer. Eu devo soar muito "seria e saudavel"pra nao ter que conferir origem.
where is my realm?


Friday, March 01, 2002

Marciando...


E de repente nem sabia que dia era hoje. Era uma vez...Será quinta-feira? ou o que? sim, me perco no tempo. Especialmente agora que notei que estou em março, ou seria Marte? Marciando é uma forma sincopada de não se estar na terra, nao ser da terra, nao se identificar com os tipos dizem( humanos) que me circundam.

Ando de óculos escuros. Poderia perfeitamente ser confundida com uma possível woman in black, aquele tipo do filme quase assim titulado, com agentes que caçavam ETS...

E quem foi que disse que eu não sou uma? a medir pelos tipos que me circundam, suas atitudes, tentativas de comunicaçao, etc, ou estamos sofrendo uma invasão pra nenhum programa de ficção científica ou não botar defeito, ou eu assumo de vez minha identidade marciana.

Se quiserem pode ser venusiana, jupteriana, neptuniana, menos lunar. Da lua, com certeza nao sou e nem acredito ter sido em algum momento siquer.
Preconceito? nao, absolutamente. é algo que ultrapassa o conceitual, por todos esses moods e altos e baixos que nao consigo tolerar nem nas marés lá fora, que dirá em mim, ou em alguem mais.

E como ser terreno ou terraquio passa por coisas como gostar de TV, ler os jornais, falar da vida dos artistas, ficar culpando os homens, ou os fracos amantes, continuar desejando um, sair por ai caçando, e se colancado como presa fácil e achar 'ótimo, trabalhar pra pagar as contas nao importa em que e como, endeusar os companheiros e se colocar pelo menos aparentemente como inferior, entre outras coisas, eu nao sou terrena.

Nao acredito em democracia, em liberdade politica, nao acredito no que falam na TV e nem vou mais ao cinema por que cansei de psicopatia e destruiçao em forma de efeitos especiais, que nada acrescentam e eu nao vou fingir que gosto "dessa coisa"falsamente estilosa.

Entao, sigo marciando, e nem siquer se sigo de fato. Afinal, ainda constato que habito uma bola azul, cheia de oceanos que gira no espaço sideral, e tudo parece estar em ordem.
E esse parece que é que me deixa com esse feeling marcianissimo...

Nao acredito em conspiracoes humanas ou humanoides, mas que tem algo pra alem disso aqui,ah, isso tem.
Soa normal demais pro meu gosto, toda essa propaganda aparentemente divertida de como somos ótimos, e nem sabemos nada sobre fome ou desejo, pra começar.

Arranha-se a tentativa de entender tantas doenças e gosta-se até de estatitizar sobre elas e seus avanços. De dengue a depressao clinica, pode se escolher um vasto cardapio. Sem falar, é claro, na farta distribuiçao de entorpecentes de aditivantes de todas as ordens pra se dizer que estamos ou somos "cool".
Tudo BS ( bullshit) mesmo!

E ainda me olham de esguelha pra confirmar minha cidadania superqueestrangeira.

Agora, so nao me peçam pra inventar uma camuflagem mais interessante por que a inspiraçao nao está pra tanto.

E quem sabe, nao seria essa a soluçao num ano palindromico, cheio de gente procurando se encontrar la fora, cheio de artistas se equilibrando de tantas formas, e achando lindo quem é premiado na academia de Hollywood?!