Tuesday, March 19, 2002

Lembranças

Elas chegam. Quase sempre desavisadas. Ou sou eu que não sei ler os sinais. Ah, os sinais! Tantos e, no meu caso, nada simples.
Tinha que ser assim?
Houve uma época em que eu era mais simples, talvez, não tanta bagagem acumulada- mentira essa historia de que nos livramos dela- eu via e traduzia mais claramente os sinais. Talvez goste de pensar que assim seja.

Me achata, quase que de vez, saber que nossa vida está sendo escrita sim. Chamem de registro akhasico, livro da vida, memorias pessoais, biografia, não importa. Apenas sei que é assim que é. E eu sou daquelas que ainda le a biografia alheia. Tenho acesso a essa biblioteca, algumas vezes, e sempre que de la volto, me surpreendo como ela é organizada.

Ainda essa semana, vi a síntese de quatro de anos de vida de uma moça que fui apresentada, assim, sem mais nem menos.
Como pode? Nao sei. Nao sou a autora desse programa. Só sei que quando o meu se abre, como nessa madrugada, e é assim, à luz do arquivo felicidade, me desperto inteira, dentro da vibraçao desse arquivo.

Ta complicado?

Pois é, esses os registros de meus sonhos, coloridos, precisos, mais detalhados do que um roteiro de Spilberg. E neles todas as lembranças e todos os requintes de meu livro da vida.
Por isso essa preguiça enorme só de pensar em publicar minhas memórias. Minha ediçao interna é de tal requinte, que nem sei se saberia reproduzir parte pra por num livro aqui.
E fico entre letras e palavras, soletrando algum significado.
Por que como se traduz tantas imagens e tanto requinte no arquivo:- compartilhar?
Revi recentemente no filme Cidade dos Anjos, um pedacinho, entre outros que gosto tanto, do anjo da morte que vem suavemente buscar a cada um e lhe perguntar o que mais gostou aqui.
Quase sempre me vem e lembrança viva de quem sem dúvida, pra mim, é o ato de compartilhar.
Agora quando isso é recíproco, eu sei que estou escrevendo o livro de minha vida com letras de ouro , e gosto de pensar que ha muitas páginas com esse requinte.
Ë claro que há outras, e o que mais me incomoda, é saber que elas estão sendo escritas de qualquer forma, mas talvez, nao sejam impressas em ouro.
So essas, nao precisam de borracha e reediçao. E talvez eu queira, mas queira muito que meu livro seja apenas todo dourado. E que delicia saber que tenho MEMORIAS DOURADAS.
Um dia, meu coraçao de vidro pintado estalou e eu nem percebi...Será que alguem viu?

Ali, eu sei que fui feliz.
Meu anjo, make a note of it.

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