Saturday, April 13, 2002

Um mes que começa com celebraçao da mentira marca.

Entre outras coisas por que sou marcável.E tanto que, na tentativa de limpar os arquivos, descubro que todo e qualquer arquivo tem apenas poucas entradas, a melhor duas: bom e ruim.

E assim, vamos nessa dualidade perpetuando o jogo de bem me quer mal me quer, to feliz ou nao, me acho bem ou nao, etc.
No mais, é a ignorancia de que tudo isso nao é nada.
E encarar o nada é das coisas mais dificeis de se fazer por que somos sempre desafiados a manter a concretude, valorizar a produçao, os feitos, os atingiveis propositos, sejam eles de natureza fisica ou financeira.
E entre uma conquista ou outra vai se somando crenças e contabilidades diversas.
E estranho. O que tem isso a ver com a celebraçao da mentira? tudo e nada. Por que se tudo criamos pra passar o tempo ou pra matar o tempo, quando nao estamos fazendo um ou outro, a cobranca real aparece e com ela a verdade de que tudo pode ser uma enorme mentira: estamos fugindo do vazio e tentando preecher esse buraco a todo custo.
Aha! mas se o universo é feito de vazios, se nossos corpos em niveis microcelulares é feito de vazio, se nossos dias e noites é recheado de vazios, por que essa tendencia a querer acabar com o dito cujo?

Be still, dizem alguns. Do something, dizem outros. Como nao fazer nada? se tudo é nada e eu nada faço por que tudo ja está e eu apenas descubro ou nao o que ai se encontra? como ouso dizer , cheia de mim mesma, que estou fazendo algo.

Voz de um ego. Essa parte da gente que nao tendo origem e nao suportanto nao ter reconhecimentos e pagos, tenta nos governar as ideias, os sentimentos e o significado do corpo.
E haja espelho e maquiagem. E pra isso nao faltam os anuncios por todos os lados, vendendo imageis diferentes, projecoes sofisticadas de todas as ordens.
E eu me procuro la e nao me acho. Uau!

Estou aqui dentro, dentro dessa nebuloza que compoe meu ser, sentindo todas as dores e contracoes da separacao de tudo e nao curtindo nem um pouco essa forma estranha de parecer ser: a constataçao que nao sou o projeto que talvez quisessem que eu fosse e nao caibo em nenhum compartimento onde quiseram me enquadrar.
Sempre fiquei como "fora de arquivo".
E ai?
Com quem falar se the average briga pra matar o tempo e fica feliz de nao ter notado que ele passa? briga pra melhor salario, pela vaga do carro, por ter saude pra continuar brigando pela vida, indo à luta, e achando estranho uma guerra de matanças no oriente medio.

Eu, hein?!

Ai a gente tenta escapar com esfarrapada desculpa que um dia de mentira a mais é longo demais nesse mes que nao fecha e se chama abril.

Sem desculpas. Sem culpas. Nem sei onde está o erro e o acerto pra fazer qualquer julgamento. No vazio nao ha dessas coisas.

Apenas silencio.

No comments: