Entre barro e nuvem
Essa parece ser a sintese de nosso local, ou nosso cenario existencial. Lutando pra sobreviver num mundo quase sempre caótico, tentando trazer um pouco de sonho e esperança como alento, como se estar nas nuvens fosse o outro lado, o outro prato da balança.
E no meio a tentativa quase efemera de equilibrar as duas coisas. Fundados nessa dualidade cruel, pagamos caro, pra sonhar com as novelas, nossos personagens todos, nossos amores sempre lindos e perfeitos, correndo como podemos da morte e sua sombra.
Queremos sim a eternidade. Da infancia dos filhos, ao gosto do amante perfeito. Do sucesso profissional à juventude brilhando nos movimentos ousados e arrojantes.
Queremos esquecer das lamas e das derrocadas e com muita frequencia sai aquela frase"- nem quero me lembrar disso. Como se criando uma parede ou um muro emocional, botassemos uma pedra sim em cima de tudo e pudessemos com isso, ir levando tudo avante.
Amarga ilusao essa. A colocação de pedra por pedra sobre o que nao queremos tocar, pra gerar protecao da dor, se torna um dia uma murada que nos separa do proprio self.
E perdermos a perspectiva de que ser humano 'parece ser estar entre nuvem e barro.
E no split queremos afirmar que nossa vida so tem nuvens, e de preferencia cor de rosa, como um refugio pensante possivel a cada um.
Mas a lama está la, na base, predendo a base, secando e empedrando nossos pes e pernas.
E um dia, podemos ser apenas um sonho por que incorporamos as nuvens e começamos a ver que nosso mundo real é o ceu, nao onde estamos com nossos pes.
E ai, parece se fazer tarde. É hora de partir pra onde deviamos ter estado sempre. Sem a ilusao de querer fazer do barro um projeto de ceramica que seja. Nem querendo por o mito do ceu na terra, incompativeis por principio entre outras coisas por que o ceu engole a terra e com isso tudo que nela se encontra.
Mas é na contemplacao dessa possibilidade que podemos nos libertar ou nos aterrar pra sempre.
Escolha que nem sempre sabemos que estamos fazendo de fato.
O mundo é grave. Cheio dessa força gravitacional que nos puxa pra baixo. E isso parece nao se alterar. Apenas o desejo de estou aqui mas nao sou daqui, pode acontecer. E como isso querer estar nas nuvens passaa ser glorioso. Para uns por que pra muitos, um sonho impossivel ou mesmo um delirio continuo.
Nisso reconheço ate a evolucao do homem eretus e seu esforco pra se tornar de pe e andar sobre os pps pes, almejando até na sua biologia, estar mais perto do ceu.
Nossa coluna vertebral parece sustentar um peso imenso, e nem siquer notamos isso, nem quando deitamos, por parecer ser natural nos esticar pra ter direito legitimo a sonhar.
Estranha essa dicotomia. Por que quando o homem se ergue, ele parece parar de sonhar, quer efetivar uma coisa qualquer pra fazer da terra um ceu. Nem sempre. Afinal cada coisa em seu lugar.
Talvez por isso, nos degladiamos tanto, e os que se confundem com a terra, a querem possuir e explorar, como fazem com tudo o mais que encontram, como se isso lhes devolvesse o "estar nas nuvens".
Dai as guerras. Internas e geograficas. Posse de terra, nao é nem nunca foi sintoma de paz. Por que a paz tambem está entre barro e nuvem.!a espera que escolhamos com clareza nossa verdade e nos saibamos criadores de sonhos, nao donos dos mesmos ou dos solos onde estamos.
Figura temporaria onde sempre nos depositaremos, mas com certeza nos perdemos ao tentar possuir.
Ca estamos pra usufruir dessa viagem, nao tentar controla=la. Por que ao perder essa perspectiva nos perdemos e com isso tudo se vai. Ate o que pensamos ter que fazer na terra e pela terra.
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